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NEGÓCIOS

CEO da Nissan diz que empresa não precisa de um salvador para voltar aos trilhos

Ivan Espinosa afirma que montadora tem US$ 15 bi em caixa para se manter até 18 meses e que seu plano de reestruturação pode funcionar mesmo sem um parceiro externo

O novo CEO da Nissan Motor, Ivan Espinosa, afirma que seu plano de resgate para a montadora em dificuldades pode funcionar mesmo sem a ajuda de um parceiro externo.

A montadora japonesa tem capital suficiente — cerca de ¥2,2 trilhões (US$ 15 bilhões) em caixa e mais linhas de crédito disponíveis — para se manter pelos próximos 12 a 18 meses, disse Espinosa em entrevista à Bloomberg TV. Esse período representa de um terço à metade do esforço de reestruturação de três anos recentemente anunciado.

“Temos uma base sólida em termos de liquidez”, disse Espinosa na quinta-feira, na sede da Nissan em Yokohama, Japão. “A questão não é fazer uma parceria porque precisamos de alguém por causa da nossa posição de caixa.”

A Nissan possui ¥2,1 trilhões em linhas de crédito não utilizadas além de suas reservas líquidas, mas o fluxo de caixa ficou negativo no último ano fiscal, e as agências de classificação de risco rebaixaram o status de crédito da empresa para grau especulativo (junk).

Para conter as perdas, Espinosa, de 46 anos, prometeu uma reestruturação profunda das operações da Nissan, em seu primeiro grande ato como CEO desde que assumiu o cargo em abril.

“Fiz uma avaliação muito profunda da situação, entendi o equilíbrio entre nossa capacidade de vendas e de receita em relação à estrutura total da empresa e percebi que isso não é sustentável”, afirmou. “O que estamos fazendo é redefinir o tamanho da empresa.”

Espinosa planeja eliminar 20.000 postos de trabalho e fechar sete das 17 fábricas da Nissan até o final do ano fiscal, que termina em março de 2028. Essa reestruturação ocorre após um prejuízo líquido de US$ 4,5 bilhões registrado no último ano fiscal.

A montadora optou por não divulgar projeções de lucro anual para o período atual de 12 meses devido à incerteza sobre o impacto da guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.

Essa nova reestruturação acontece após o colapso, no início deste ano, das negociações para uma aliança com a também japonesa Honda. As conversas terminaram, em parte, por divergências quanto à disposição da Nissan de fazer cortes mais profundos na produção e no quadro de funcionários sob a gestão do ex-CEO Makoto Uchida, que deixou o cargo no fim de março.

Uma aliança estratégica de mais de duas décadas com a sa Renault nunca se concretizou plenamente, deixando hoje a montadora japonesa sem um parceiro global com quem compartilhar os custos de desenvolvimento de veículos e os investimentos em tecnologias de próxima geração.

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