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9 em cada 10 mulheres não avançam financeiramente por conta da sobrecarga doméstica, aponta pesquisa

Levantamento revela como o acúmulo de tarefas em casa e no trabalho impacta o plano financeiro das m

Uma pesquisa feita pela Serasa em parceria com a Opinion Box trouxe dados importantes sobre a dificuldade das mulheres na busca pela independência financeira: 90% das brasileiras entrevistadas colocou a “jornada dupla” — a necessidade de se desdobrar entre os cuidados do lar e a vida profissional — como um obstáculo significativo para seu avanço financeiro e sucesso no empreendedorismo.

Os dados indicam que a sobrecarga gerada pela gestão das responsabilidades domésticas somada aos desafios da vida profissional se reflete diretamente na trajetória profissional e financeira feminina. Isso porque o tempo e a energia despendidos na istração do lar e no cuidado com a família muitas vezes restringem as oportunidades de dedicação ao desenvolvimento profissional. 

Com menos tempo e maior desgaste diário, pouco sobra para a busca por qualificação, à expansão de redes de contato (networking) ou mesmo à prospecção de melhores colocações no mercado de trabalho, segundo as quase 1400 brasileira entrevistadas no levantamento da Serasa.

Renda

Diante da necessidade de complementar a renda em meio ao duro contexto, uma situação comum para sete em cada dez mulheres é recorrer a trabalhos informais, como a revenda de produtos ou serviços de limpeza. Essas e outras profissões similares, mesmo que dignas, oferecem menor estabilidade e potencial de crescimento real no âmbito profissional.

No fim das contas, 71% das mulheres no geral precisaram realizar algum "bico", sendo as principais motivações a percepção de uma oportunidade de renda a curto prazo (36%), o desejo de conseguir algo para os filhos (23%) e a constatação de que o salário principal não era suficiente (20%).

Empreendedorismo

Dados de um levantamento anterior da Serasa (março de 2024) convergem com os números apresentados em 2025 ao indicarem que 73% das mulheres que buscam se firmar como empreendedoras concordam que o trabalho doméstico não remunerado dificulta suas atividades à frente do próprio negócio. Embora muitas visem o empreendedorismo pelo sonho de ter a própria empresa (38%) ou pela busca por maior autonomia de horários e regras (26%), essa almejada flexibilidade é frequentemente pautada e consumida pelas demandas do lar.

A pressão adicional ainda se manifesta mesmo o cotidiano de quem já conseguiu dar o primeiro o, com 74% das pequenas empreendedoras precisaram de trabalho informal para complementar a renda, mesmo já possuindo seu próprio negócio. Além disso, o histórico de negativação é alarmante, atingindo 87% das empreendedoras, enquanto 68% delas já tiveram um pedido de crédito negado. 

Nome sujo

Não surpreende, portanto, que oito em cada dez mulheres no geral já tenham tido o nome negativado em algum momento, conforme dados da Serasa, sendo um reflexo direto da pressão constante entre as responsabilidades e a insuficiência de recursos ou tempo para uma gestão financeira otimizada.

Tanto o recente estudo quanto o de 2024 deixam claro a importância de reconhecer o peso financeiro da dupla jornada feminina como um problema social com reflexos na economia. A mudança se a desde ajustes na base ao reorganizar a divisão das tarefas em casa até políticas públicas de apoio, como creches e fomento ao empreendedorismo. 

Medidas como o a crédito e educação financeira são complementos importantes, mas só atingirão seu potencial máximo ao lado de iniciativas que aliviem a sobrecarga das mulheres, permitindo que elas prosperem economicamente.

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