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Conselho Federal questiona EAD ainda permitido para graduação em medicina veterinária

"Prática não se aprende por vídeo", disse a presidente do CFMV, Ana Elisa Almeida

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A medicina veterinária foi excluída da lista de cursos proibidos em Educação a Distância (EAD) divulgada pelo governo federal no último dia 19. Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a decisão expõe uma "incoerência inaceitável". 

Na regulamentação, foi determinado que cursos de medicina, direito, odontologia, enfermagem e psicologia devem ser ofertados exclusivamente de forma presencial. 

A falta do curso de medicina veterinária nessa regulamentação permite que essa graduação possa ser feita de forma majoritária em formado remoto. 

Uso de internet
Ensino a Distância | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 

Contudo, segundo o CFMV, permitir a formação de médicos-veterinários majoritariamente por ensino remoto é abrir mão da qualidade, da segurança e da vida – animal e humana. 

A formação em medicina veterinária exige domínio técnico, sensibilidade clínica e, sobretudo, prática real e contínua. Trata-se de uma profissão da saúde, responsável pela prevenção de zoonoses, controle de pandemias, vigilância sanitária, inspeção de alimentos, defesa agropecuária e promoção da saúde única.

"A Medicina Veterinária exige prática. E prática não se aprende por vídeo. O MEC ignorou os riscos à saúde pública, à segurança alimentar e ao bem-estar animal. Ignorou a ciência. Ignorou os profissionais que atuam diariamente em hospitais, granjas, laboratórios e unidades de vigilância. É inissível! Por isso, pedimos a revisão do decreto", afirmou a presidente do CFMV, Ana Elisa Almeida.

O conselho informou que, desde 2015, são denunciados os riscos da formação EAD em medicina veterinária de forma contundente. Segundo a autarquia, profissionais e egressos formados exclusivamente à distância tiveram registro profissional negado. 

Além disso, o CFMV judicializou o tema e enfrentou sanções do Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade), acusado de restringir mercado; alertou parlamentares, o MEC, o Ministério Público Federal e a sociedade civil.
 
A principal preocupação do órgão tem como base os riscos da modalidade EAD para uma profissão de base essencialmente prática

Em 2023, o CFMV participou de audiências públicas, articulou com outros conselhos da área da saúde e entregou ao MEC uma carta aberta, cobrando a proibição do EaD para o curso. 

Nada disso foi suficiente, segundo o conselho. 

"Recentemente, fomos multados pelo Cade (Conselho istrativo de Defesa Econômica) por defender a qualidade da formação em saúde. Mas esse não é um debate sobre mercado. É sobre responsabilidade. Sobre vida. A omissão do MEC neste caso não é apenas injustificável. É perigosa", reforçou Ana Elisa Almeida.

Segundo Elisa, o risco à qualidade da medicina veterinária no Brasil não pode ser ignorado. 

"Nós não vamos nos calar. Seguiremos cobrando, pressionando, denunciando e informando a população. Essa decisão não é nossa, mas o impacto dela recai sobre todos nós. Exigimos respeito à Medicina Veterinária", reforçou a presidente do CFMV.

Confira uma fala da representante do CFMV:
 

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