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Limites: seu pet nem sempre quer fazer o que você quer e é preciso respeitar isso

Existem momentos em que o animal não quer brincar ou ficar agarrado

 

Apesar de não falarem, cães e gatos possuem uma forma de comunicação direcionada para humanos. Eles expressam emoções, desejos e desconfortos por meio de posturas, expressões faciais, vocalizações e até pequenos gestos, que muitas vezes am despercebidos no dia a dia. 

Dependendo da situação, desrespeitar os limites de um animal pode levar a uma reação agressiva - Pexels / AlinlunaDependendo da situação, desrespeitar os limites de um animal pode levar a uma reação agressiva - Pexels / Alinluna

Em alguns momentos, esses sinais servem para estabelecer um limite. Forçar o animal para além disso pode gerar momentos desconfortáveis. Alguns pets podem machucar uma pessoa na tentativa de escapar de um abraço muito apertado, por exemplo. Entender a linguagem corporal do animal é um o essencial para garantir bem-estar e fortalecer vínculos.

"Observar o corpo do pet é uma das formas mais eficazes de compreender como ele está se sentindo. Um rabo abanando não significa sempre felicidade, e um gato se escondendo pode estar expressando medo ou estresse", explica a médica-veterinária da Pet Nutrition, Bruna Isabel Tanabe.

Expressões

Identificar os diferentes estados emocionais dos pets permite agir com mais consciência. Cães relaxados, por exemplo, costumam ter o corpo solto, orelhas em posição natural e expressão facial tranquila. Já um cão estressado pode demonstrar inquietação, lamber os lábios em excesso ou bocejar fora de hora.

Esses animais são tão adequados à vida doméstica que, segundo pesquisa da Universidade de Duquesne, de Pittsburgh, nos Estados Unidos, os músculos faciais equivalentes às sobrancelhas são usados para a comunicação com humanos. Os lobos selvagens não possuíam tal estrutura, por exemplo.

Deixar que o animal sinta seu cheiro antes de decidir uma aproximação é uma estratégia segura para momentos de rigidez por parte do animal - Pexels/GezerasphDeixar que o animal sinta seu cheiro antes de decidir uma aproximação é uma estratégia segura para momentos de rigidez por parte do animal - Pexels/Gezera

Por serem mais sociáveis, cães sempre são vistos como “abertos à aproximação”, mas interromper suas refeições ou seu sono pode deixá-los estressados ou se sentirem ameaçados. 

Pesquisas em comportamento animal, como as citadas pela etologista Patricia McConnell no livro "Do Outro Lado da Coleira: Por que Nós e Nossos Cães Nos Entendemos Tão Bem", mostram que permitir que o cachorro tenha controle sobre suas interações — como cheirar antes de ser acariciado ou decidir quando quer brincar — contribui para sua segurança emocional e previne reações defensivas.

Defesa

No caso dos gatos, a cauda erguida com a ponta levemente curvada indica confiança e alegria, enquanto orelhas voltadas para trás ou olhos muito arregalados sinalizam tensão. 

Comportamentos repetitivos, como andar em círculos ou lamber as patas de forma compulsiva, também merecem atenção. "Esses sinais indicam que algo no ambiente ou na rotina está afetando o equilíbrio emocional do pet", esclarece a especialista.

Os bufos, chiados ou assobios de um gatinho são uma resposta defensiva para expressar que estão encurralados. Ao honrar esse sinal, você demonstra respeito pelo espaço do animal, fortalecendo a confiança dele. 

Quando um gato deseja se aproximar, costuma demonstrar interesse por sinais específicos. Inicialmente, pode manter uma postura relaxada, com o rabo erguido e a pontinha levemente curvada. Outros indícios incluem aproximação lenta e sinuosa, esfregar o corpo ou o rosto contra a pessoa (marcando com feromônios), ronronar baixinho ou até piscar os olhos devagar (sinal de confiança). 

Se o gato se sentar ou deitar perto da pessoa, mostrando a barriga (mesmo que sem intenção de ser tocado), é um forte indicativo de que se sente seguro e aberto à interação - Pexels/KellySe o gato se sentar ou deitar perto da pessoa, mostrando a barriga (mesmo que sem intenção de ser tocado), é um forte indicativo de que se sente seguro e aberto à interação - Pexels/Kelly

Ao respeitar os limites do espaço do seu animal, expressos pelos seus comportamentos, o tutor fortalece a confiança mútua, reduz o estresse e promove o equilíbrio emocional do pet.

"A linguagem corporal é o canal mais honesto de comunicação entre pet e tutor. Quando aprendemos a interpretá-la, deixamos de reagir apenas aos comportamentos e amos a cuidar das emoções que os causam. É aí que a convivência se torna verdadeiramente harmoniosa", reforça a médica-veterinária Bruna Isabel Tanabe.

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