Mais atenção, mais dependência: estudo identifica mudanças em gatos no pós-pandemia
Pesquisa brasileira identifica mudanças de comportamentos nos felinos
O convívio com humanos influencia o comportamento dos gatos. A conclusão foi feita a partir de uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para isso, os estudiosos consideraram o período do isolamento imposto pela pandemia da covid-19.
Segundo os estudiosos, gatos criados em casa também foram afetados pelo período de isolamento, principalmente por conta da maior disponibilidade do tutor.
“A pandemia proporcionou uma oportunidade única para analisar como a interação entre humanos e gatos influencia o comportamento e a condição corporal desses animais”, explicou a responsável pela pesquisa, a mestra em Biologia Animal Maíra Ingrit Gestrich-Frank.
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Uma das características observadas foi o fortalecimento do vínculo dos felinos com os tutores por conta do maior convívio. Muitos se tornaram mais afetuosos e brincalhões, buscando maior interação. Além disso, comportamentos negativos como agitação, lambedura excessiva, alterações no apetite e eliminação inadequada de fezes e urina também tiveram um leve aumento.

Segundo o estudo, a mudança na rotina, no período da pandemia, foi o fator de maior impacto.
“Durante o confinamento, os gatos aram mais tempo com os seus tutores. Assim, o aumento do tempo de convivência foi a principal mudança na rotina e na interação social entre humanos e gatos observada no nosso estudo”, apontou a pesquisadora.
Coleta de dados
Foram analisados os comportamentos dos felinos antes, durante e após a pandemia. A coleta de dados ocorreu em 2023, e os participantes relataram retrospectivamente as condições dos felinos nos três momentos analisados.A pesquisa avaliou os efeitos comportamentais em 873 gatos de diversas regiões do Brasil.
“Até onde sabemos, este foi o primeiro estudo que comparou esse conjunto de variáveis em três diferentes momentos e as associou com fatores ambientais e com a rotina dos gatos, como o ao meio externo, brincadeiras, eios e tempo que o gato ficou sozinho nesses três períodos”, explicou Maíra Ingrit Gestrich-Frank.
A pesquisa identificou um aumento de recursos, como arranhadores, locais de descanso e brinquedos interativos para os gatos em casas brasileiras. Esses itens, como a “gatificação”, que garantem melhora no ambiente dos gatos, são chamados de "escore ambiental" pela cientista.
Mais dependência
Segundo a estudo, a pandemia fez com que muitos gatos criados com o ao quintal e criação parcialmente livre fossem confinados apenas no ambiente do lar. Por um lado, essa ação fez com que eles ficassem mais seguros. Pois, nas ruas, há o risco de atropelamento, de maus-tratos e de doenças.
Por outro lado, a falta de o ao meio externo não foi instantaneamente remediada com brinquedos, eios e atividades físicas. Isso fez com que os felinos ficassem mais sedentários, estressados e até suscetíveis ao aumento de peso.
“Tanto a rotina do tutor e a qualidade da interação entre humanos e gatos como a quantidade, variedade e disposição de recursos para o gato no ambiente apresentam um potencial de causar impacto no seu bem-estar. Um felino que não consegue expressar seus comportamentos naturais pode apresentar diversos problemas comportamentais e/ou doenças, como a obesidade”, explica o estudo.
O estudo sugere que eios na guia e “catios” (áreas teladas seguras) são alternativas para manter os gatos ativos e saudáveis.