Endometriose compromete rotina e qualidade de vida feminina
Para Natascha Fox, atividade física ajuda a reduzir dores e o impacto da doença na rotina da mulher
A endometriose e os caminhos para viver melhor
A endometriose é uma condição ginecológica crônica e muitas vezes debilitante que afeta diretamente a saúde de milhões de mulheres em idade reprodutiva. Conforme o Ministério da Saúde, cerca de 7 milhões de brasileiras já receberam o diagnóstico da doença. No entanto, o número real pode ser muito maior: a estimativa é de que uma a cada 10 mulheres conviva com os sintomas sem saber que tem endometriose — o que representa aproximadamente 10,5 milhões de brasileiras ainda sem diagnóstico ou tratamento adequado.
Caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio fora do útero, a endometriose pode atingir ovários, tubas uterinas, intestino e bexiga, provocando dores intensas, alterações menstruais, desconforto ao evacuar ou urinar e até infertilidade. Embora não tenha cura definitiva, há estratégias eficazes para controlar seus sintomas — e a prática de atividade física é uma das mais íveis e promissoras. Para compreender melhor essa relação entre movimento e bem-estar, conversamos com a ginecologista e obstetra Natascha Fox, do Grupo MaterCore, que há anos acompanha mulheres com endometriose e destaca a importância de um cuidado integral com o corpo e a mente.
Alívio natural: exercício como ferramenta de cuidado
Exercícios físicos ajudam a reduzir dores e inflamações em mulheres com endometriose, graças à liberação de endorfina, substância que atua como um analgésico natural. Caminhadas ao ar livre, ciclismo, natação e práticas como ioga e meditação são aliadas na regulação hormonal, na melhora da imunidade e no combate ao estresse. A endometriose vai muito além da cólica menstrual. A dor é apenas a face mais visível de uma doença que compromete o bem-estar físico, emocional e social de quem convive com ela. Por isso, estratégias não medicamentosas que promovam a saúde de forma global vêm ganhando destaque no cuidado com essas mulheres.
Estudos recentes — como os publicados na Reproductive Sciences e no Journal of Endometriosis and Pelvic Pain Disorders — demonstram que a prática regular de atividade física pode reduzir a intensidade das dores, contribuir para o equilíbrio hormonal e melhorar a imunidade. Isso acontece, principalmente, pela ação da endorfina, substância natural liberada pelo corpo durante o exercício, que possui efeito vasodilatador, anti-inflamatório e analgésico.
“Isso porque a malhação acelera o metabolismo, fortalece o sistema imunológico e regula os níveis de estrogênio, contribuindo para controlar e desacelerar a doença”,
explica a ginecologista e obstetra Natascha Fox, do Grupo MaterCore.
Ela recomenda que mulheres com endometriose pratiquem exercícios de baixo a moderado impacto, como caminhadas ao ar livre, natação, pedaladas e corrida leve, com frequência de três a quatro vezes por semana, por 30 a 40 minutos.
Movimento com consciência: orientação profissional é essencial
Apesar dos benefícios amplamente reconhecidos, a médica Natascha Fox reforça que cada paciente deve ser avaliada individualmente, antes de iniciar qualquer programa de exercícios. Em alguns casos, a presença de lesões profundas ou aderências pode exigir adaptações.
“Algumas pacientes têm aderências ou lesões que causam dor intensa ao realizar certos movimentos. Nesses casos, forçar o corpo sem orientação pode piorar os sintomas. Por isso, uma avaliação física detalhada é fundamental”, orienta a especialista.
O acompanhamento de profissionais da saúde — ginecologista, profissional de educação física, fisioterapeuta pélvica e nutricionista — é essencial para um cuidado multidisciplinar.
Terapias integrativas: ioga, meditação e respiração consciente
Além das atividades físicas tradicionais, terapias como ioga e meditação têm mostrado efeitos positivos no manejo da dor e do estresse associados à endometriose. Essas práticas favorecem o relaxamento da musculatura pélvica, melhoram a circulação e atuam diretamente no sistema nervoso, promovendo equilíbrio e bem-estar.
“A ioga favorece o alongamento da região pélvica e abdominal, melhorando a circulação e o relaxamento da musculatura. Já a meditação atua na saúde mental, reduzindo a ansiedade, comum em quem convive com dores constantes”, destaca Natascha.
Ela lembra que o autocuidado vai além do físico. “Olhar para a mente, para a respiração e para o emocional é fundamental no enfrentamento da doença”, completa.
• Definição: doença inflamatória causada pela presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero.
• Sintomas mais comuns: cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor na relação sexual, desconforto para urinar ou evacuar, inchaço abdominal, fadiga e infertilidade.
• Diagnóstico: feito por exames como ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, ressonância magnética ou laparoscopia.
• Tratamentos: incluem medicamentos hormonais, analgésicos, fisioterapia pélvica, terapias integrativas e, em alguns casos, cirurgia.
Corpo em movimento, vida com mais qualidade
Conviver com endometriose não precisa significar viver com dor. A adoção de hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos e o cultivo de bem-estar emocional por meio de terapias integrativas, pode transformar o cotidiano de quem enfrenta a doença.
“O corpo fala. Quando olhamos para ele com mais carinho e aprendemos a respeitar os sinais que envia, conseguimos viver com mais saúde e menos dor, mesmo diante de um diagnóstico como o da endometriose”,
conclui Natascha Fox.
Com o à informação, acompanhamento profissional e atitudes simples no dia a dia, mulheres com endometriose podem recuperar o controle sobre sua saúde e redescobrir o prazer de viver bem.
Ative o seu modo fit e viva mais leve
Natascha Fox – Ginecologista e Obstetra do Grupo MaterCore
@dranataschafox @mater.core