A Economia e o Novo "Reality Show" de Trump
As Contradições Sobre o Pensamento Econômico e a Dinâmica Capitalista
Vejo 2004 como um marco do entretenimento nos EUA. Um "reality show", produzido e conduzido por um magnata americano, foi posta em prática numa rede de TV. Deu-se início a "The Apprentice", cujo conteúdo era por, numa competitividade imersiva e submissa, jovens talentos egressos de universidades. Todos postos diante do poderoso Donald Trump. Ao vencedor da disputa, o direito de integrar o time de empreendedores do empresário.
O resultado disso cativou mais de 20 milhões de americanos. No lastro de mais de uma década de sucesso na telinha, assistiu-se à transformação de uma plateia num coletivo de acólitos. Cidadãos inebriados pela liturgia de um líder que, conduzido por um marketing vencedor, projetou ele próprio como alguém superior, diferenciado e salvador da pátria.
Estava pronta a "embalagem" para uma candidatura presidencial, capaz de atender às aspirações de parte dos americanos. O papel de "outsider", de quem se distanciava do desencanto por políticos tradicionais, estava posto sobre o tabuleiro. Aquele espírito da convivência pacífica e respeitosa entre republicanos e democratas foi colocado em xeque. Afinal, o empresário bem sucedido, popularizado pelo "reality" da TV e consagrado pelas anomalias das redes sociais, foi consagrado como o "cara" pronto para o poder político. Justo de uma nação que precisava resgatar sua autoestima. Daí, a ideia-força: fazer a América grande, de novo.
Depois de um mandato sob princípios republicanos e dada uma derrota, Trump retomou o poder, como extensão do seu modo de fazer um "reality show". Agora alinhado com os poderosos da nova ordem econômica, ele tem sustentado, enquanto governo, suas teses de campanha, vistas como improváveis e contraditórias. Para ratificar isso, atenho-me ao último ponto. Assim procedo, para realçar uma dúvida sobre a essência liberal do pensamento que prevalece entre republicanos.
De imediato, trato do fundamento liberal que sempre pautou o discurso republicano. O que há de se dizer sobre o protecionismo? E o tadifaço sobre os importados? Por maior que seja o peso político das decisões, o livre comércio foi afetado, tal como existirão possíveis efeitos inflacionários. Em adição, quero entender a razão de se propor práticas econômicas desalinhadas com o atual "modus operandi" capitalista. Assim, não ignoro um certo interesse no agir da política exterior, que fortalece antigas práticas do rito capitalista. No afã de fazer uma América maior, apostam-se em velhos arranjos econômicos. Algo explícito na soberba de se apossar de territórios, de querer dominar as logísticas e de não se render a acordos globais. Por maior que seja o impacto ambiental e deixe à margem crenças e disposições pelo sustentável.
A História se incubiu de expor situações de insegurança, quando se projeta a arrogância de lideres alucinados. Daqueles tipos que extraem de seus crânios, o modo de brincar com inocentes "massinhas de urânio". Só que o perigo está na esquina adiante. Afinal, o novo "reality show" de Trump só está por começar.