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Nem 8, nem 80

Audiovisual na tela das "Trumpetadas"

Será que agora os céticos irão considerar o setor como uma atividade econômica estratégica?

Costumo considerar duas regras particulares e básicas, nas quais tento me apoiar, para efeito de prevenção daquelas surpresas que a vida nos propicia. Vez por outra, dá certo.

Em primeiro plano, esforço-me em separar o que conheço das pessoas, no pensar e nas atitudes que competem a elas. Assim, controlo melhor tudo que possa ser pior e que, ocasionalmente, acontece sob a aura da decepção. No plano seguinte, cabe-me também um esforço semelhante para deixar as janelas das possibilidades, as mais escancaradas possíveis.

Nesse meu mundinho exalto a simplicidade, mesmo que entre sonhos e pesadelos, sol radiante e densas tempestades. Se, no adágio popular, toda vida é uma espécie de caixinha de surpresas, tento fazer da minha uma que traga chocolates. Até porque encaro bem esse prêmio, na sua versão amarga.

Faço tamanha parábola para entender o pensamento econômico de Trump, que aqui já nominei de "trumpetadas". Os seja, "as cacetadas" de um presidente americano, que pela sua essência de plena soberba, sente-se o "dono" das regras econômicos que fazem o mundo girar. Por mais que resistam muitos dos seus pares, justo os que dispensam planos científicos que desmentem que a terra é plana. Vejamos a mais nova das "trumpetadas".

Pasmem: sua "heroica defesa" pelo que entende ser medidas de interesse nacional, consagrou um abraço cenográfico de filme hollywoodiano. Em nome de preservar os valores da economia americana, foi imposta agora uma tarifa de 100%, para qualquer produção audiovisual feita fora do território dos EUA. Bem, a surpresa não está apenas no embate ideológico, que bem caracteriza o estilo político de Trump, de atacar quem faz a arte e cultura acontecerem. O buraco é mais em baixo.

De fato, há uma boa e outra má surpresa. De bom, é a percepção do quanto o audiovisual é estratégico. Desde antes e não só no mundo de hoje. Hollywood fez, melhor que ninguém, a venda do "american way of life". Só que enxergar essa grandeza conquistada, apenas pelo viés nacionalista, é a má notícia. As ramificações dos grandes estúdios num mercado hoje pautado por seriados vistos nas plataformas de "streamings" são um parâmetro irreversível de um mundo global. Mais uma iniciativa que reitero como "trumpetada".

Provas? Enxerguem a reação de incredulidade dos executivos dessas "majors", bem como, a queda no preço das ações, de gigantes como a NETFLIX. Foi fato.

E daí? Bem, o audiovisual é  coisa de economia. Parece-me que só a sociedade brasileira teima em não enxergar.

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