Logo Folha de Pernambuco
Nem 8, nem 80

Que mundo caberá aos netos? PARTE I

Os erros de uma velha sociedade que negligenciou com a educação 

O mundo se transforma hoje de modo avassalsdor. Mas, um olhar inspirado na inocência infantil, ainda transmite a resistência de gerações que, na espontaneidade das crianças, percebe o sentido de castelos e fantasias. Assim, essa utopia do bem serve de semente para outras tantas que, em percepções realistas, faz a gente ainda crer em valores humanos.

Em nome de uma certa sensibilidade esquecida, valido a intenção da minha neta por reviver em Gramado tudo que o Natal Luz lhe gerou de empatia. Pelos encantos de Gramado. E pelo sonho de lá comemorar seu aniversário.

Abstraio-me, agora, desse linha tão particular, para itir que, na realidade fria, o mundo nunca girou de modo uniforme. O ideal utópico de Thomas More, tão inspirador para seus seguidores, no rigor de um mundo desigual, não representou mais do que o próprio senso imaginário da sua obra. De fato, na tradução da História recente, entre os séculos XX e XXI, o que se revelou foi o registro de diferentes gerações nas suas entregas socioeconômicas.
Vejamos isso pelo olhar brasileiro. 

A geração dos meus pais entregou à minha um País de viés político autoritário. De resto, um ambiente, economicamente, instável e de estrutura social desigual. Logo depois, a etapa juvenil da minha geração (segunda metade dos anos 70) conta com todos efeitos de uma rebeldia, cuja luta precípua era restaurar a democracia. Nesse contexto político, restou o esforço por viver tempos de liberdade, sem soberbas individualistas. As pegadas econômica e social foram lutas subsequente, com a democracia já conquistada pela vontade da maioria e estabelecida em bases sólidas pela força institucional de uma Constituição, que creditasse o ápice da cidadania, apesar de seus altos e baixos.

Na minha etapa de vida mais madura, ficaram definidos os primeiros os da geração dos filhos. Com outros valores conquistados. A considerar, 20 anos de estabilidade democrática, com respaldo constitucional e  fatos inéditos: estabilidade econômica e melhoria na distribuição de renda. Confirmou-se, assim, uma entrega bem superior àquela anterior.

Nesse ritmo, o mundo avançou. As entregas aram de filhos para netos. Um outro quadro, no qual a velocidade da inovação e criatividade para esse novo ciclo exigia, antes de tudo, um olhar mais efetivo pela educação. Em nome do equilíbrio entre a economia, a justiça social e o respeito ambiental. Dada uma maturidade democrática.

Só que, paradoxalmente, os avanços tecnológicos têm jogado contra esses princípios humanitários. E o que a gente vê hoje nas entregas para os netos são uma escalada de preocupações. Sem precedentes, embora velhas conhecidas. Então, por que insistimos nos erros? Esboçarei explicações no próximo texto, mirando para os impactos socioeconômicos.

Newsletter