A escolha da creche ou da escola, por Sandra Batista
Sandra Batista é Doutora em Educação e Especialista em Neurociência da Aprendizagem. Ela traz análise para importante decisão dos pais e responsáveis.
Todas as crianças têm direto de conviver em um ambiente seguro, livre de pressões, bem planejado, adequado ao processo de desenvolvimento, independente de sua origem sociocultural, que possibilite o seu crescimento integral.
Segundo Piaget citado por Kramer (2000, p. 29) “o desenvolvimento resulta de combinações entre aquilo que o organismo traz e as circunstâncias oferecidas pelo meio” os esquemas de assimilação vão se modificando progressivamente, considerando os estágios de desenvolvimento e as relações com o meio. Enquanto Vygotsky (1998) enfatiza que a troca de conhecimentos ocorre através das interações entre individuo / meio / indivíduo.
Portanto, um ambiente estimulante para a criança é aquele em que ela se sente segura, e ao mesmo tempo desafiada, onde ela sinta o prazer de pertencer a aquele ambiente e identifique-se com o mesmo, estabelecendo relações entre os pares.
Nesse contexto, como deve ser uma escola de educação infantil? Uma escola que coloque a criança como protagonista, contemplando o nono artigo do DCNEI (2013), quando reafirma a importância das interações brincadeiras como eixos norteadores que compõem as práticas pedagógicas da educação infantil, afinal ensinar e a prender são uma grande brincadeira que inspira paciência, curiosidade, partilha, fantasia, criação, conhecimento, prazer e saber.
A escola de educação infantil representa o início de um novo vínculo na vida da criança diferente da família, promove as relações sociais, possibilitando maior contato com o outro, permitindo que ela possa construir-se neste contato.
Sendo assim, a escola de Educação infantil deve promover o desenvolvimento integral da criança considerando os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, desenvolvendo uma proposta pedagógica alinhada às leis e normativas e a dimensão lúdica da infância.
É fundamental que as instituições contemplem em sua proposta a diversidade dos saberes da realidade educacional relacionada ao contexto social para que as crianças se desenvolvam através de experiências e relacionamentos com a cultura e o mundo como orienta a BNCC, o que reflete no pensar o currículo como uma opção política social e ideológica.
Entretanto, a proposta escrita e falada nem sempre condiz com a realidade, por isso, deve-se observar: a organização e personalização dos ambientes de acordo com a faixa etária, higienização, salas confortáveis, ambientes com zona circunscrita, boa iluminação e refrigeração, espaço para brincar e áreas de circulação com segurança, banheiros adaptados e biblioteca infantil.
Também é importante atentar para a poluição de informações auditivas e visuais de todo ambiente, as relações interpessoais entre os profissionais, além do carisma e qualificação desses profissionais. Toda equipe deve ser acolhedora de forma igualitária com as crianças e familiares. Para colher tais informações fazem-se necessário visitar a escola mais de uma vez, observar, escutar e conversar com outros pais que já têm experiência na instituição.
Não se deve buscar uma escola perfeita, a escola é constituída pela comunidade educativa que envolve a parceria escola / família na dimensão do educar e cuidar da infância, propósito formativo do sujeito como um contíguo de aprendizagens globalizadas que permitem a criança alargar suas potencialidades nos diversos sentidos, além dos muros da escola e da esfera familiar atingindo a sociedade.
Referências
- BRASIL. Conselho Nacional de Educação.Resolução CNECEB nº 5/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 18 dez de 2009.
- FERREIRA, MARIA Clotilde Rossetti(org). OS FAZERES DA Educação infantil. São Paulo. Cortez. 2009.
- MEYER, Ivanise. BRINCAR E VIVER. Projetos em Educação Infantil. Rio de Janeiro. WAK. 2011.
- KRAMER, Sônia. Com a pré-escola nas mãos. São Paulo: Ática, 2000.
- VYGOTSKY,L.S. A formação da mente. 6 ed. São Paulo. Martins Fontes, 1998.