Primeira infância: os impactos desse período na vida adulta
Em 24 de agosto se celebrou o Dia Nacional da Infância. Os primeiros anos de vida marcam um dos mais importantes períodos para o crescimento e desenvolvimento da criança.
Por isso, todas as vivências da primeira infância, período que corresponde da gestação até os seis anos de idade, devem ser acompanhadas de perto pelos pais e/ou responsáveis para garantir o crescimento saudável, caso contrário, a criança não estimulada, nem motivada corretamente ao perceber-se como sujeito das suas ações - sem ter tido a oportunidade de desenvolver as conexões neuronais com as adequadas habilidades - pode se tornar um jovem impulsivo, sem capacidade de se planejar e de se organizar.
O amadurecimento das habilidades vai acontecendo de forma integrada com os pontos principais do tripé das Funções Executivas: controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória de trabalho. Quando essas funções não são não são bem trabalhadas, a criança se torna um adulto que toma decisões de forma desastrosa, sem autodomínio, com dificuldade de controle dos comportamentos, dependente, com fala precipitada e com dificuldades em ouvir o outro.
Esse processo é tão importante que, além de tudo acima pontuado, o jovem adulto cuja primeira infância não foi bem trabalhada, normalmente não investe nas relações e/ou em tudo que "parece" que vai dar trabalho, desistindo facilmente. São ainda pessoas que normalmente não conseguem assumir responsabilidades, como a própria moradia - continuam morando na casa com pais e/ou responsáveis.
Sabe-se que o indivíduo, desde o nascimento, precisa do adulto, precisa de referências, é totalmente dependente. Mas de maneira gradual, a partir do momento que ele se coloca na vertical, já é possível, sim, iniciar a construção das autonomias, ou seja, a formação das habilidades das funções executivas. Deixar que a criança assuma suas atividades pode dar trabalho, mas é necessário para que esse ciclo de desenvolvimento seja fortalecido. Claro, que é muito mais fácil fazer pela criança, dizer o que ela vai fazer ou comer, mas as consequências futuras serão bem mais desgastantes.
Assim, a criança que consegue entrar em uma rotina sozinha, sem a dependência de um adulto para decidir por ela, torna-se uma pessoa mais tranquila, disciplinada, e que sabe lidar com os imprevistos. Também a a dormir bem e se alimentar melhor. Dar início a este processo não é tão fácil, pois como toda adaptação requer uma formação de novos hábitos. Porém, garanto que uma vez adaptada, a criança e toda a família irão colher bons frutos.