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Um novo olhar sobre o câncer de esôfago

Especialista da Rede D´or alerta sobre o refluxo como uma das principais causas da doença

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de esôfago é a sexta causa de morte por câncer em homens. Apesar dessa forte recorrência, a patologia vinha sendo pouco estudada e até mesmo negligenciado, segundo especialistas. Mas o mito sobre a doença começa a ganhar um novo olhar e perspectivas. 

Até pouco tempo, o diagnóstico da doença vinha carregado de estigmas e sentenças. Com o avanço da tecnologia e das descobertas na área, novos conceitos e quebras de paradigmas surgem para escrever uma nova página sobre o tema.

A cirurgia de remoção do esôfago, ou esofagectomia, antes vista com uma interrogação, ganha um outro olhar. Para os casos mais avançados da doença, a cirurgia é o pilar principal do tratamento curativo, normalmente associada à quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Se o câncer ainda não apresenta metástases, o tratamento pode curar a doença.

Com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial, cada vez mais tem se registrado casos de sucesso de remoção do órgão, que comprovam que é possivel se adaptar e ter uma vida sem o esôfago. O especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Flávio Takeda, levou sua expertise para a Rede D’or e destaca a importância de tornar o tratamento e as cirurgias minimamente invasiva e robótica, ível para todos. Para o doutor com Livre-Docência, Flávio, o sucesso das cirurgias depende de uma equipe cirúrgica que seja treinada e que tenha volume de casos suficientes para realização dos procedimentos com resultados satisfatórios.

“Em breve o Grupo da Rede D´or vai estruturar sua linha de cuidados em todo o Brasil, tornando-a bem definida para propagar fielmente o tratamento em seus outros hospitais e se tornar referência na técnica. A ideia é criar um centro estruturado para oferecer o tratamento sistematizado com evidências científicas”, comenta o especialista.

Após a esofagectomia, a função de conduzir os alimentos é assumida por outros órgãos, como o estômago ou o intestino delgado, que são reconstruídos para criar um novo "esófago".  Depois é vida normal, mantendo, logicamente, um cuidado de vida pós-operatório. O retorno do paciente às suas atividades diárias geralmente acontece em torno de 15 a 30 dias. 

A vitória sobre o resultado da cirurgia depende do preparo pré-operatório dos pacientes, da participação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo cirurgiões oncológicos, anestesistas treinados, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos especializados em pacientes oncológicos. 

Importante frisar que o uso do cigarro e do álcool e a obesidade são fatores de risco para câncer de esôfago, mas uma das maiores causas de câncer de esôfago é - pasmem - o refluxo, aliás a negligência dos pacientes diante do refluxo, tido muitas vezes como algo corriqueiro. Takeda alerta sobre a necessidade da realização de exames regulares para detecção precoce, nesse caso a endoscopia, afinal quanto mais cedo for o diagnóstico e o início do tratamento, maiores as chances de cura.

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