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Um Ponto de vista do Marco Zero

A Folha de Pernambuco no cinema. E o cinema na Folha

O futuro da cidade está na sua memória. Na arquitetura colonial de seus prédios. No barroco de suas igrejas. No respeito a seus valores culturais. Que são a própria gente refletida na história. Pensando seu porvir.

O Recife tem uma ligação antiga com o cinema. Desde o Ciclo do Recife, nos anos de 1930. Tempo do cineasta Alberto Cavalcanti. Nos anos 50, recebeu a visita do cineasta diretor, Orson Wells. Que acompanhava a filmagem da saga de pescadores que iam visitar Getúlio Vargas, no Catete. O diretor foi acompanhado por Caio Souza Leão, pai. Depois veio a era do cinema de arte. No São Luiz, em seguida no Coliseu. A nouvelle vague sa, seus diretores Jean-Luc Godard e François Truffaut. E atores, Jean-Paul Belmondo, Brigitte Bardot, Catherine Deneuve. O neorrealismo italiano, os diretores Vittorio De Sica, Roberto Rossellini, Federico Fellini, Atores, Marcelo Mastroianni, Ana Magnani, Claudia Cardinale, Monica Vitti. E o recifense cinéfilo engajado na nova onda cinematográfica.

A partir dos anos de 1990, essa tradição ganhou, no Recife, outra vertente. Viçosa, equipada. Na Fundação Joaquim Nabuco. Com a sala de cinema do Museu do Homem do Nordeste. A que se seguiu outra sala, moderna, restaurada, no Derby. O núcleo técnico e artístico foi desenvolvido pelo cineasta Kleber Mendonça Filho. Que tem reconhecida trajetória nacional e internacional. Entre outros, com os filmes "Som ao Redor", "Aquarius", "Bacurau". E, agora, "O Agente Secreto".        

Pois bem. Para fazer as locações de "O Agente Secreto", ambientado em 1977, que concorreu à Palma de Ouro de Cannes e ganhou, entre outros prêmios, os de Melhor Diretor (Kleber) e de Melhor Ator (Wagner Moura), Kleber Mendonça precisava de tinta histórica. E de contemporaneidade. Pátina do tempo. E fazeres atualizados. Esses elementos estão situados no projeto da Folha de Pernambuco. Fundada em 03 de abril de 1998. Montada em edifício de arquitetura colonial. Restaurado, por fora, em cinzel original. Respeitando o conjunto histórico do velho bairro do Recife. Junto ao Marco Zero. Ornado pela rosa dos ventos de Cícero Dias. Banhado, desde a vila de pescadores, pelo mar de Camões.

E, por dentro do prédio preservado do jornal, a arte na obra. Parque gráfico próprio. Marca Goss. Ano 1977. Produção de informação. Imprensa em ação. Presente apontando futuro. Resgatando o ado. Pois foi lá que o cineasta reproduziu as páginas do Diario de Pernambuco mostradas no filme. Obra de arte.

Quando esteve no Brasil, e no Recife, anos de 1950, o escritor francês Albert Camus, Nobel de Literatura, escreveu um Diário de Viagem. Na parte referente a nossa terra, ele disse: “O Recife é a Florença tropical." Certamente, tal inspiração terá surgido em função do casario, da fachada colonial, das pedras no calçamento. Do cenário. Que é ado no presente. Vivo no futuro. Tempo tríbio. Gilbertiano.

O Recife é testemunho. De espírito que conserva verdes intermediários de jardins e canaviais. ira o céu, azul superior, de Carlos Pena Filho. E trabalha. Fiel à natureza. E à beleza.       

     

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