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Uma Série de Coisas

“Eu Sou um Assassino” retorna com cinco casos de true crime na sexta temporada

Série documental da Netflix amplia o debate sobre crime, punição e moralidade

A sexta temporada de “Eu Sou um Assassino” chega com o mesmo debate que consagrou a série documental da Netflix como uma das mais interessantes do catálogo de true crime. O formato permanece direto: criminosos condenados relembram seus crimes em detalhes, oferecendo um retrato cru das escolhas que os levaram a atos irreversíveis. 

O ponto forte da sexta temporada é a capacidade de transformar casos isolados em reflexões sobre culpa, redenção e o papel da sociedade na construção desses narradores. O episódio "Em Defesa de Outra Pessoa", que aborda o caso de Walter Triplett Jr., exemplifica isso. Não se trata apenas de um crime, mas de um espelho para o racismo estrutural e a fragilidade da imparcialidade judicial nos Estados Unidos. O debate sobre sua sentença ultraa o tribunal, forçando uma análise sobre privilégios e preconceitos.

Já o caso de Candie Dominguez, explorado em dois episódios, conta a história de uma mulher que ajudou o namorado, Daniel Lopez, a matar o primo dela, e mergulha na complexidade emocional dos envolvidos. Os depoimentos são entrecortados por relatos das famílias das vítimas, advogados, policiais e especialistas, criando um panorama onde não há respostas definitivas, apenas camadas de uma verdade desconfortável. O ritmo do documentário é calculado para manter o impacto emocional sem recorrer à exploração gratuita da violência.

“Eu Sou um Assassino” é um convite à reflexão sobre o que realmente significa ser culpado e até que ponto o sistema judicial consegue - ou falha em - definir essa culpa. A sexta temporada reafirma a força da produção em explorar a moral que separa o ser humano do criminoso, deixando claro que, muitas vezes, eles habitam no mesmo corpo.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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