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Uma Série de Coisas

“Love, Death & Robots” retorna com gatos falantes, mini aliens e marionetes de rock

Em 10 episódios, quarta temporada da antologia da Netflix aposta na variedade estética e humor ácido

A quarta temporada de “Love, Death & Robots” reafirma a proposta que a consagrou: reunir estilos variados de animação e narrativas curtas com temas que orbitam ficção científica, fantasia, distopias e, claro, muito nonsense. Dessa vez, os episódios apostam em ambientações inusitadas, como gatos ditadores a invasões alienígenas em maquetes, além de trazer uma temporada que oscila entre o surpreendente e o genérico.

O tom cômico marca presença em episódios como “A outra coisa grande”, que apresenta um gato com pretensões de domínio mundial. A brincadeira se estende por outro curta centrado em felinos, o que gera certa repetição temática, embora com abordagens diferentes. Ainda assim, a escolha reforça o senso de humor irônico da série, algo que segue sendo uma de suas principais s.

Entre os destaques, o curta filmado em estilo tilt-shift, com zumbis e uma estética de miniaturas, se sobressai pela criatividade visual e pelo ritmo acelerado. É um bom exemplo de como “Love, Death & Robots” consegue brincar com formatos sem perder o controle do caos. Também chama atenção o videoclipe dos Red Hot Chili Peppers, uma animação em stop-motion dirigida com apuro visual e que quebra o padrão narrativo dos outros episódios, ainda que o encaixe na antologia possa causar estranhamento.

Animações seguem diversas e ótimas

Visualmente, a série continua um espetáculo. Estúdios diferentes imprimem identidades marcantes a cada episódio, e a liberdade criativa permanece sendo um ponto forte. A narrativa, por outro lado, nem sempre acompanha esse fôlego visual. Alguns roteiros entregam mais estilo do que substância, com ideias que soam promissoras, mas não se desenvolvem de forma satisfatória. 

Ainda assim, há espaço para boas surpresas: episódios como "Spider Rose" e "400 Boys" combinam estética marcante com atmosferas interessantes, mesmo quando flertam com o exagero.

O saldo geral da temporada é positivo, ainda que menos impactante do que volumes anteriores. É visível o esforço em manter a diversidade de estilos, tons e ritmos, algo que continua a diferenciar a série de outras antologias animadas. 

Mesmo com episódios que variam em qualidade, “Love, Death & Robots” segue como um experimento visual interessante, provocativo e, acima de tudo, livre das amarras narrativas convencionais. E talvez essa liberdade seja o maior trunfo da série.

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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