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Uma Série de Coisas

Melhores séries do ano: Lançamentos que marcaram o streaming em 2024

Com roteiros ousados e atuações ótimas, séries elevaram os padrões da narrativa televisiva neste ano

O ano de 2024 trouxe um cenário televisivo diversificado, onde dramas históricos, thrillers psicológicos e comédias políticas se destacaram. Enquanto algumas séries revisitaram clássicos com uma nova abordagem, outras apostaram em narrativas originais que desafiam os espectadores a refletirem. Aqui estão as melhores produções do ano, segundo a coluna Uma Série de Coisas.  

Sr. & Sra. Smith (Prime Video)
  
Donald Glover e Maya Erskine redefinem o conceito do clássico de 2005. A nova série transforma o humor e a ação do filme original em uma história contemporânea, com diálogos rápidos e cenas de ação bem feitas. A química entre os protagonistas é inegável, e o tom autêntico dá frescor a um enredo que poderia facilmente parecer repetitivo. Destaque também para a participação do brasileiro Wagner Moura, que rouba a cena em seus momentos na trama.  

Com direção criativa de Glover, a série foi reconhecida pela crítica, recebendo 16 indicações ao Emmy. “Sr. & Sra. Smith” entrega o que promete: ação descomplicada e entretenimento afiado.  

O Regime (Max)  

Kate Winslet dá um show de versatilidade ao encarnar Elena Vernham, uma ditadora tão carismática quanto temível. “O Regime” combina tons de comédia e crítica política de forma habilidosa, oferecendo uma visão irônica e desconfortável sobre o poder absoluto. 

Winslet domina cada cena em uma performance que se torna o coração da série. O roteiro e a direção criam um mundo intrigante que, ironicamente, se aproxima de algumas realidades contemporâneas.  

Xógum: A Grande Saga do Japão (Disney+)

Uma adaptação ambiciosa do romance de James Clavell, “Xógum” transporta os espectadores ao Japão do século XVII em uma produção épica. A série combina paisagens majestosas, intrigas políticas e um elenco que entrega atuações de tirar o fôlego. Cosmo Jarvis impressiona como o navegador John Blackthorne, enquanto Hiroyuki Sanada e Anna Sawai enriquecem a trama com performances marcantes.  

A cinematografia é uma aula de excelência, com cada cena parecendo um quadro vivo. A brutalidade das batalhas é equilibrada por momentos de delicadeza cultural, criando uma narrativa multifacetada. Renovada para mais duas temporadas, a série promete explorar ainda mais os complexos conflitos e alianças do período. 

Disclaimer (AppleTV+)

Cate Blanchett brilha em “Disclaimer”, um thriller psicológico que questiona os limites entre realidade e ficção. Sob a direção de Alfonso Cuarón, a série mistura mistério e introspecção, explorando os segredos de Catherine Ravenscroft, uma jornalista confrontada por um livro que expõe sua vida.  

Embora a premissa não seja inteiramente original, a direção impecável e a atuação hipnotizante de Blanchett transformam a experiência em algo ímpar. A narrativa densa exige atenção, mas recompensa com reviravoltas cuidadosamente construídas e momentos de tensão bem construídos.  

Ripley (Netflix)
  
Andrew Scott entrega uma interpretação impecável de Tom Ripley, um vigarista que usa charme e manipulação para navegar pela alta sociedade dos anos 1960. A produção mergulha nas sombras do caráter humano, apresentando um protagonista tão fascinante e perturbador.  

Filmada com uma estética noir, “Ripley” é um deleite visual que combina beleza e tragédia. O roteiro de Steven Zaillian constroi uma narrativa que honra a obra de Patricia Highsmith, mas com um toque distinto que a diferencia da adaptação anterior.  

Cidade de Deus (Max)

Baseada no icônico filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund, a série “Cidade de Deus” chega com a ousada proposta de expandir o universo da obra que revolucionou o cinema brasileiro em 2002. Ambientada 20 anos depois dos fatos do filme, a série aprofunda as histórias de personagens que ficaram na memória coletiva, enquanto introduz novas figuras em um enredo que mistura crime, amizade e as aspirações de uma juventude presa em um ambiente de violência.

A direção acerta em cheio ao manter a estética crua e vibrante do original, com cenas que alternam brutalidade e lirismo. A trilha sonora e a fotografia se tornam quase um personagem à parte, enriquecendo ainda mais a atmosfera.

Cada uma dessas séries trouxe algo único ao público, seja a profundidade histórica de “Xógum”, o humor ácido de “O Regime”, ou a complexidade psicológica de “Disclaimer” e “Ripley”. Em meio a produções nacionais, a representatividade e autenticidade de "Cidade de Deus" se destaca, reafirmando o valor do audiovisual brasileiro no cenário mundial.

Para além do entretenimento, 2024 foi um ano em que o streaming se consolidou como um espaço de inovação narrativa e excelência técnica. Essas produções provam que os limites da criatividade continuam a ser desafiados. 

*Fernando Martins é jornalista e grande entusiasta de produções televisivas. Criador do Uma Série de Coisas, escreve semanalmente neste espaço. Instagram: @umaseriedecoisas.

*A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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