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SÃO JOÃO 2025

Alcymar Monteiro segue legitimando a cultura nordestina

Forrozeiro raiz, Alcymar lançou recentemente mais uma canção que reforça sua defesa pela tradição dos festejos junino

Em pouco mais de quatro décadas de carreira e uma média de 1,6 mil canções gravadas, Alcymar Monteiro segue “menino”, tal qual já foi aos cinco, seis anos de vida, quando já irava as festas juninas, deslumbrava-se com as fogueiras acesas e despertava para a legitimidade da sanfona, do triângulo e da zabumba.

Um trio de instrumentos que permanece em sua memória afetiva e, sobretudo, nos palcos em que se apresenta no  Nordeste e País afora, conclamando um dos seus compromissos como ‘Rei do Forró’ e ‘Nordestino Raiz’, que é o  de “levar adiante o legado de Luiz Gonzaga, mostrando que esses instrumentos cabem perfeitamente na playlist da geração digital”.

E como não poderia deixar de ser, é na época mais nordestina de todas, a dos festejos de Santo Antônio, São João e São Pedro, que Alcymar, cearense, neto de cantador, vem à tona em música, em poesia e, principalmente, em defesa à tradição (quase esquecida) do gênero Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, o forró. 

 



“Faz parte de minha vida. A fogueira, o balão, o milho assado, a sanfona, o triângulo e a zabumba. A festa está pronta. São João não é festa de peão, é festa de nordestino”, reforça Alcymar, que não à toa, recentemente, lançou com Chambinho do Acordeon, disponível nas plataformas de música, composição do poeta caruaruense Humberto Bonny, “São João de Outrora” - cuja letra remete à saudade de Luiz (Gonzaga) e do 'forrozin' de pé de serra, “daquele que a gente fica até o dia clarear”.

Na ocasião do lançamento, um clipe com a quadrilha Raio de Sol reacendeu memórias afetivas dos festejos de antigamente.



Salvaguarda
Além de compositor, Alcymar Monteiro não hesita em reverberar cantorias de nomes que, assim como ele, salvaguardam o forró, o baião, o xote e toda a leva de sonoridades identitárias da cultura nordestina.

Dominguinhos, Zé Dantas, Humberto Teixeira, Flávio Leandro, Maciel Melo, Xico Bizerra, Petrúcio Amorim e, claro, Luiz Gonzaga, são figuras constantes em seu repertório de shows que, aliás, contam com 31 bailarinos no palco e banda completa.

“Gonzaga é meu compadre, padrinho de meu filho. Tenho um compromisso espiritual com ele. O Brasil ou a existir depois de Luiz Gonzaga”, ressalta Alcymar, que já assinou desabafos musicais em prol da preservação da essência da cultura do Nordeste. Exemplo é a canção “Devolva Meu São João”, feita em parceria com Gilvan Neves. 
 

Alcymar Monteiro, cantor e compositorCrédito: Walli Fontenelle/Folha de Pernambuco


Na letra, ele valida a festa junina e pede respeito à nossa cultura e tradição. “Foi mesmo um desabafo. Chegamos a perder e deixar de ter espaço. Isso é uma realidade, e a festa de São João não é festa de peão. Essa festa é do nordestino”, reitera Alcymar, que está com agenda tomada pelos próximos meses, e em palcos diversos, com repertório que inclui, pelo menos, 34 faixas de ritmos afeitos ao forró.

Das conhecidas “Rosa dos Ventos”, “Nem Olhou Pra Mim”, “Você Quer Namorar Comigo” e “Bota Fogo no Forró”, entre outras clássicas de carreira, Antônio Alcymar Monteiro dos Santos sugere uma fórmula para o (seu) sucesso.

“É simples, basta cantar com verdade. Eu só canto o que eu sinto”, conta ele, que para além de cancioneiro que lhe credita como forrozeiro de fato, também arrisca profetizar o futuro, quando entrega ao tempo a correção das “músicas alheias à nossa identidade.”

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