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TELEVISÃO

"Big Brother Brasil 25" aposta em nostalgia e volume, mas entrega temporada sem emoção e sem fôlego

Edição de 25 anos do programa, que chega ao fim nesta terça-feira (22), não teve momentos tão marcantes e fracassou na audiência

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A 25ª edição do “Big Brother Brasil” chega ao fim nesta terça-feira (22), mas a sensação é de que o reality da Globo já se arrasta há semanas. Anunciada com pompa por unir o marco de 25 edições à transmissão no ano do 60º aniversário da emissora, a temporada falhou em criar momentos memoráveis.

A média geral de audiência girou em torno dos 16 pontos, desempenho bem abaixo do esperado. Para efeito de comparação, o “BBB24” teve média de 20,1 pontos, enquanto o “BBB23”, até então a pior marca, alcançou 18,9. A diferença é ainda mais gritante se olharmos para o “BBB5”, que teve Jean Wyllys como vencedor e garantiu 47 pontos de média em 2005 – recorde histórico que dificilmente será superado.

Parte do problema em 2025 veio de opções equivocadas na dinâmica do jogo. A aposta em duplas – que envolveu a escolha de irmãos, um casal, amigos, pais e filhos e até sogra e genro – tirou do confinamento a tensão emocional típica que movimenta a casa. Muito apoio mútuo e conflitos de menos.

O caso de Joselma e Guilherme, sogra e genro que entraram juntos, ilustra bem isso: são carismáticos, divertidos e têm uma relação fofa e até inusitada. Porém, provavelmente renderiam mais se estivessem sozinhos. O reality depende de instabilidade para gerar engajamento. E o apoio emocional que os participantes contavam, por estarem acompanhados nos momentos iniciais de adaptação, reduziu as inseguranças.

Outro fator que prejudicou a fluidez da narrativa foi a condução de Tadeu Schmidt. Carismático, sim, mas sua entrega ali parece ter mais a ver com o dominical “Fantástico” do que com o ritmo exigido pelo “BBB”. Narra as provas como se estivesse cobrindo um evento esportivo e, nas eliminações, seus textos carecem da carga de emoção e pieguice que Pedro Bial – apresentador até 2016 – sabia dosar tão bem. Desde que assumiu o posto, Tadeu tem alternado bons momentos com outros nem tão memoráveis, mas nesta temporada, seu desempenho contribuiu pouco para aquecer o jogo.

A mudança de comando nos bastidores também mudou o jogo. Sem Boninho, agora de fora da Globo, o programa ou a ser liderado por Rodrigo Dourado. A transição, apesar de sutil – Dourado já trabalhava com Boninho –, foi perceptível. Houve intervenções visíveis da emissora, como um exagero nas críticas públicas feitas por Tadeu ao comportamento dos participantes em dinâmicas como o “Sincerão”. Tentativas claras de gerar atrito gratuitamente, bastante forçadas. Se a produção queria mais conflitos, deveria ter elaborado provas e dinâmicas mais desafiantes – e não ficar pressionar os participantes ao vivo.

Aliás, as provas também decepcionaram. As de resistência, sempre esperadas pelo público, foram poucas e menos intensas. Em tempos de transmissões 24 horas e redes sociais pulsando, o “BBB” precisa se reinventar sem perder a essência. Em 2025, parece que a Globo se esqueceu disso.

Ainda assim, o “BBB25” teve méritos. O grupo Camarote deste ano, formado por convidados famosos, rendeu bons momentos. O atleta Diego Hypólito se destacou nas primeiras semanas ao expor suas vulnerabilidades e gerar embates duradouros.

Vitória Strada, atriz competente, reapareceu com força no imaginário do público após um período fora do ar – e parece ter usado o reality como vitrine para uma possível nova fase na carreira. Gracyanne Barbosa, Daniele Hypólito e Diogo Almeida completaram o time de celebridades, com participações de impacto variado. Diogo, por exemplo, foi o primeiro Camarote a ser eliminado, o que reforça que nem sempre a fama garante longevidade no jogo.

Mesmo com audiência fraca, o “BBB25” segue sendo um fenômeno comercial. Marcas grandes continuam apostando alto no programa e, nas redes sociais, o engajamento é constante. Entre janeiro e abril, é difícil abrir qualquer plataforma sem se deparar com memes, vídeos e discussões enérgicas sobre o reality.

Além disso, a Globo e o Multishow capitalizam bastante o conteúdo, levando eliminados para o “Mais Você”, o “Domingão com Huck” e criando diversos programas sazonais no Multishow e no Globoplay. Talvez a Globo precise repensar a estrutura de jogo para uma próxima temporada.

No fim das contas, no entanto, o “BBB25” pode até ter fracassado como produto televisivo, mas se mostra vitorioso no ambiente multiplataforma.

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