Logo Folha de Pernambuco
FESTIVAL

C6 Fest: a noite em que "a cozinha" comandou o festival com shows potentes e sensíveis

Subiram ao palco do festival os bateristas Kassa Overal e Brian Blade & The Fellowship Band, e a cantora, compositora, poetisa e contrabaixista Meshell Ndegeocello

Na linguagem musical, chamamos de “cozinha” a combinação de dois instrumentos que dão a base, a sustentação para o som de uma banda: bateria e contrabaixo.

E foi nesta sexta (23), segunda noite do C6 Fest, em São Paulo, que a cozinha tomou conta da programação, com as três atrações que se apresentaram no Auditório Ibirapuera.

Subiram ao palco do festival os bateristas Kassa Overal e Brian Blade & The Fellowship Band, e a cantora, compositora, poetisa e contrabaixista Meshell Ndegeocello, em uma noite onde imperaram groove, experimentalismo e inovação.

Kassa Overal
Responsável por trazer uma nova abordagem à fusão entre jazz e hip hop, o baterista, MC, cantor e produtor musical Kassa Overal abriu a noite e, pela primeira vez no Brasil, trouxe ao palco do Ibirapuera a ousadia e subversão que estão presentes em seu trabalho autoral.

O caráter experimental e de vanguarda da música de Overal está presente no seu mais recente álbum de estúdio, “ANIMALS” (2023). 

Fronteiras borradas entre o jazz e o hip hop, em momentos do show não há como identificar onde começa um e onde termina o outro, tamanha a unidade com que maneja os ritmos.

Comunicando-se bem com a plateia, Kassa, inclusive, apresentou uma antiga música ntede sua lavra com forte influência brasileira, eando pelo samba, bossa-nova. “Se vocês gostarem, o mundo inteiro vai gostar”, disse o músico ao apresentá-la.

Kassa também deixou a bateria por alguns instantes e cantou, recorrendo a mais um momento de interação com a plateia.

Com um show energético e cheio de vibração, Kassa Overal “quebrou tudo”, como se costuma dizer.

Brian Blade & The Fellowship Band
Mais um baterista entra em cena. Mas, não um baterista qualquer. E sim, Brian Blade, renomado instrumentista norte-americano, que tem uma vasta lista de contribuições na música internacional, com nomes como Chick Corea, Wayne Shorter, Joni Mitchell, Herbie Hancock, Bob Dylan, Norah Jones, entre tantos outros.

Brian tocou com a sua The Fellowship Band. Pela primeira vez no Brasil, eles divulgam o mais recente trabalho em grupo, o álbum “Kings Highway” (2023). 

Com apurada técnica e, também, sensibilidade, Brian e seus músicos possuem uma liga invejável. Durante o show, foram de momentos de extrema delicadeza a explosões catárticas, deixando transparecer muito mais que a inequívoca virtuosidade, mas, um tanto da sensibilidade que é indissociável dos grandes músicos, do que tocam com a alma.

O brilhante baterista Brian Blade trouxe um show límpido e sensível ao C6 FestO brilhante baterista Brian Blade trouxe um show límpido e sensível ao C6 Fest | Foto: C6 Fest/Divulgação

Em uma surpresa para o público, Brian Blade convidou jovens músicos brasileiros para uma participação especial. Munidos de berimbau, alfaia e pandeiro, tocaram com Brian e The Fellowship a música “Os Escravos de Jó”, de Milton Nascimento e Fernando Brandt.

Meshell Ndegeocello
Coube à baixista, cantora, compositora e poetisa Meshell Ndegeocello encerrar esta segunda noite. A filha de norte-americanos nascida em 1968, na ainda Berlim Ocidental, trouxe ao palco do Ibirapuera um show que não se apoiou apenas na música, mas, que também fez da poesia parte essencial do espetáculo.

O duo Jake & Abe, que é formado por músicos da banda de Meshell abriu a apresentação.

Em seguida, um poema, lido em português, foi a introdução para trazer os outros músicos ao palco, incluindo Meshell, nome de longeva carreira que, desde 1992, já recebeu 13 indicações e ganhou três prêmios Grammy, incluindo o de  de "Melhor Álbum de Jazz Alternativo", em 2024, pelo disco “No More Water: The Gospel of James Baldwin”, trabalho dedicado ao escritor e ativista norte-americano, que baseou o show apresentado no C6.

Com uma liderança discreta, Meshell conduzia as músicas com seu contrabaixo certeiro e presente, trafegando pelo jazz, blues, R&B e soul, e em algumas canções dividindo os vocais com o cantor Justin Hicks, sem dúvida, o principal destaque da banda.

Em dado momento do show, Meshell transpareceu incômodo com uma insistente falha no seu microfone, mas, acabou tirando por menos e até brincando que estava "elétrica". Entremeando poemas e canções, ela fez um show onde se congraçaram groove e sensibilidade.

A partir deste sábado (23), a programação do C6 Fest se amplia e ganha o ar livre do Parque do Ibirapuera, com os shows e DJs sets distribuídos em três espaços.

Confira as atrações do C6 Fet deste sábado (24/05)

Arena Heineken
16h - 17h: Beach Weather
17h30 - 18h30: Stephen Sanchez
19h - 20h15: Pretenders
20h45 - 22h: AIR (toca “Moon Safari”)

Tenda Metlife
14h - 14h50: Agnes Nunes
15h20 - 16h10: Peter Cat Recording Co.
16h40 - 17h40: Perfume Genius
18h - 19h: A. G. Cook
19h30 - 20h45: Gossip

Pacubra by Volkswagen Tera
17h - 21h: Della Juices
21h - 23h: Carola
23h - 3h: Lovebirds

O repórter viajou a convite do C6 Bank.
 

Newsletter