Há 30 anos o Brasil foi apresentado ao cantor e compositor Chico César
Artista paraibano celebra três décadas do primeiro disco "Aos Vivos", com show neste sábado (10) no Teatro do Parque
Na cronologia do tempo, três décadas podem até soar como um ‘outrora’. Mas no caso de Chico César e seu inaugural “Aos Vivos”, o ano de 1995 segue atual em letra, música e sonoridade, fazendo jus a um Nordeste potente, moderno, contemporâneo e autor de si mesmo.
“Apesar dos seus 30 anos ele continua fresquinho, novo, né?”, questiona Francisco César Gonçalves, 61, o moço bom de prosa e de versos desde Catolé do Rocha, na Paraíba - cidade que o trouxe para o mundo.

“Acho que o primeiro disco, ele abre as portas para o artista. No meu caso, eu acho que mais do que para um artista, ele abriu as portas de uma geração", divaga ele, em conversa com a Folha de Pernambuco para falar sobre a turnê que celebra a estreia de “Mama África”, “Templo”, “À Primeira Vista” e “Mulher Eu Sei” - algumas das faixas apresentadas no álbum que exportou o artista para o universo dos gigantes da música brasileira.
Com ingressos esgotados, inclusive para a sessão extra, o cantor e compositor paraibano faz show logo mais no Teatro do Parque.
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Desde janeiro na estrada - com a maratona de shows celebrativos pelos 30 anos do disco, aberta no Circo Voador (RJ), em janeiro - ele chega em terras pernambucanas por onde esteve recentemente, no Carnaval, e por onde ele sempre está, aliás.
Afinal, “Paraíba e Pernambuco eram a mesma capitania, não é? Nossa separação é política, não é cultural”, ressalta, para em seguida alçar Luiz Gonzaga como o “patriarca da música nordestina”, citar Lenine, com quem gravou duas faixas no álbum, e lembrar de Lula Queiroga e do ˜pessoal do mangue (a primeira geração)” como algumas de suas referências das bandas de cá.
“Ninguém sabia de mim"
Fazedor de arte na cena paraibana até a década de 1980, Chico César conta que foi em São Paulo e participando de festivais que seu público foi ampliado.
“Era muito pequeno. Tocava para sete, quinze, vinte pessoas. Não saía de São Paulo porque ninguém sabia de mim”, recorda-se ele, complementando ainda sobre o tempo em que, além dele, apenas o dono de um determinado bar da cidade, e a mulher do dono do bar o assistiram em uma apresentação.
“É porque quando você está começando carreira, isso acontece. Acho que o artista não pode nunca esmorecer”, enaltece o artista que faz tempo, soma multidões palcos afora.
“O Brasil inteiro olhando”
Com exceção de “Paraíba” (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga) e “Alma Não Tem Cor” (André Abujamra), as demais faixas de “Aos Vivos” têm a de Chico César, à época do lançamento, com 31 anos de vida.
“O Brasil inteiro olhando um artista de uma nova geração, falando não apenas de uma música, mas falando de várias músicas e falando dos seus companheiros de geração”, relembra, ao mencionar que foi a partir do disco e sob o reforço de uma apresentação em um programa de auditório na televisão, em um domingo, que ele se tornou conhecido.
Um feito que nem sempre persegue os artistas em um primeiro trabalho, que no caso de Chico César contou com a participação de Lanny Gordin (1951-2023) e de Lenine em apresentações do disco em voz e violão antes de ser lançado no mercado pela gravadora Velas.
Com um “olhar para dentro” que o leva a compor, por exemplo, a clássica “À Primeira Vista” ou a encantadora “Estado de Poesia”, Chico César também 'enxerga para fora' em canções como “Mama África”.
Desde sempre, o ex-aluno de Comunicação Social de Jomard Muniz de Brito, na Universidade Federal da Paraíba, segue inspirado em fazer da arte um habitat próprio e longevo.
Há pelo menos 30 anos ele apresentou ao mundo um cancioneiro (necessário) de amor mesclado por canções definidas pelo próprio como "mais guerreiras e mais combativas”.
SERVIÇO
Show “Aos Vivos”, de Chico César
Quando: neste sábado (10), às 17h30 e às 20h
Onde: Teatro do Parque - Rua do Hospício, 81, Boa Vista
Ingressos esgotados
Informações: @teatrodoparqueoficial