Debora Bloch fala sobre face sensual de Odete Roitman e mudanças na sua representação
Em entrevista ao videocast "Conversa vai, conversa vem", atriz conta que procurou interpretar uma Odete "desejável" e diz que remake da novela está trazendo análises "sobre coisas que não dávamos conta"
Debora Bloch participou do videocast Conversa vai, conversa vem, no ar no Youtube do Globo.
Em entrevista à jornalista Maria Fortuna, a atriz de 61 anos, analisou a construção de sua personagem Odete Roitman no remake de "Vale tudo".
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Em meio à críticas ao pensamento "racista, elitista e classista" da vilã, Debora refletiu sobre a face 'pegadora' e sensual da personagem, que representa uma nova mulher de 60 anos.
Conta também que buscou fazer uma "mulher desejável". Leia abaixo:
Você destacou a qualidade do texto da Odete. Que frase te deu prazer falar?
No início, não tinha sensação de desafio, mas de deleite quando lia o texto. Desafio é fazer um texto que não é bom.
Quando Odete convidou Ivan para o campeonato de Xadrez, ele respondeu que tinha que ver o que fazer com o filho e ela diz: "Mas ele não tem mãe? Então, a mãe resolve"... É divertido falar isso.
Porque os filhos continuam sendo responsabilidade das mães, com raras exceções. Odete é extremamente machista. É uma mulher falando como os homens pensam, ou melhor, agem.
A adaptação que a Manuela Dias está trazendo é a de uma nova mulher, uma 2025, e com humor e humor provoca o pensamento crítico.
A maneira como ela se relaciona com os homens sem romantismo, pragmática, a coloca com discurso que a gente vê nos homens em relação às mulheres.
Manuela está trazendo coisas que a gente não se dava conta. Sempre aceitamos atores fazendo par com atrizes com a metade da idade deles.
Agora, o fato da Odete, uma mulher de 61 anos, a minha idade, sair com homens mais jovens e se divertir com isso, sem um compromisso afetivo, é uma coisa da nossa época, mais moderna.
Não vejo tanto comentário sobre a diferença de idade, é mais sobre Odete "pegadora". Algo mudou?
Assistir numa novela das oito uma mulher com esse comportamento é um reflexo de um pensamento. Não quer dizer que haja uma nova postura. Mariliz Pereira (jornalista) falou, em uma matéria, que os 60 não são os novos 40, são os novos 60.
Que a mulher de 60 hoje não quer parecer uma de 30, quer parecer viva, ser livre. E que a liberdade é o novo colágeno.
Na época que a Beatriz (Segall) fez a novela, a mulher de 60 era uma senhora que já não estava mais numa vida produtiva, estava invisibilizada, fora do jogo.
A representação dessa mulher também mudou. Ela não está mais colocada de lado.
Ela é super sensual, aparece de camisola. Concorda se eu disser que Odete é uma grande gostosa?
Vou ficar lisonjeada (risos). Mas é, estamos trabalhando pra isso. É legal depois de tanto tempo que só a juventude era gostosa.
Conversei com a Marie (Salles, figurinista): "Vamos fazer uma mulher de 60 desejável". Por que não? Não é só sobre corpo, é sobre repertório.
Você pode ser desejável por causa do seu humor, da sua inteligência, do seu carisma. Às vezes, é tão mais gostoso estar com uma pessoa que tem um bom papo do que, exatamente, linda e gostosa.
Você é exemplo real dessa mulher de 60+, gata, vigorosa. O que mantém você com tesão na vida?
Projetos, desejos, sonhos, curiosidade pelo novo, pelo outro, estar na vida.
Quando vai ficando muito ensimesmado, fechado, encastelado, perde o contato com o mundo.