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Dia Internacional da Dança: linguagem artística promove inclusão e transformação de vida

Data criada pela Unesco em 1982 celebra a importância da dança em seus mais diferentes segmentos

O Dia Internacional da Dança é celebrado nesta terça-feira (29). Embora muita gente ainda a desconheça, a efeméride foi instituída há mais de 40 anos pela Unesco, com o objetivo de dar visibilidade a esta arte milenar, estimulando a valorização dos artistas que a representam.

O dia 29 de abril foi escolhido por ser o nascimento do bailarino, coreógrafo e professor francês Jean-Georges Noverre (1727-1810). Autor do tratado “Cartas sobre a dança”, ele foi pioneiro em apresentar uma reflexão teórica sobre o balé. 

No Brasil, a data presta ainda outra homenagem. Coincidentemente, é também o aniversário de Marika Gidali, que completa 87 anos hoje. Ao lado de Décio Otero, a bailarina nascida na Hungria fundou, em 1971, o Ballet Stagium. A companhia inaugurou uma nova forma de fazer dança no País, ocupando espaços não convencionais, levando questões sociais à cena e utilizando a música popular brasileira nos espetáculos. 

Ninguém melhor para falar sobre a importância da dança do que quem vive essa expressão artística no dia a dia. O bailarino, coreógrafo e professor pernambucano Marcelo Pereira, por exemplo, encontrou na dança uma janela para o mundo. Com mais de 30 anos de carreira, já dançou e coreografou nos Estados Unidos, Japão, Rússia e outros países. Também mantém uma escola de dança na Suíça e outra no Recife, inaugurada neste ano.

Marcelo, que teve a vida transformada pela dança, defende que a prática pode trazer benefícios para qualquer pessoa, seja um profissional ou não. “A dança mexe muito com a mente. Ela traz mais vontade de viver e se mover. Para quem é mais tímido, por exemplo, ensina a se comunicar mesmo sem dizer uma palavra”, explica o artista, que comanda a Marcelos Move Dance School, em Boa Viagem. 

Utilizando o corpo como principal ferramenta, a dança pode ser vista como uma linguagem artística mais ível e inclusiva. Ainda que determinados segmentos determinem padrões para quem quer ser um profissional, é possível encontrar um estilo de dança adaptável a cada um. 

Na dança brasílica, método desenvolvido pelo Balé Popular do Recife (BPR), por exemplo, todos os corpos são bem-vindos. Fundado em 1977, o grupo tem como base de seu sistema pedagógico a tradição das danças populares brasileiras, como frevo, maracatu e caboclinho. 

“Qualquer pessoa pode dançar. Nas nossas aulas, vamos trabalhando de acordo com as condições e limitações de cada um, pensando também nas características particulares de cada dança. Acho que uma das coisas mais importantes que o Balé fez ao longo desses anos foi conseguir colocar para dançar pessoas de diferentes idades e condições físicas. É um trabalho não só com o corpo, mas também com a mente”, explica Angela Fischer, diretora geral e cofundadora do BPR. 

Não é à toa que existam, espalhados pelo Brasil, tantos projetos que utilizam a dança como ferramenta de inclusão e desenvolvimento da cidadania. Em Pernambuco, um dos exemplos mais conhecidos é o do Aria Social, que desde 2004 atua oferecendo formação e profissionalização artística gratuita para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.

“Toda a equipe além de competente, é comprometida com o mesmo propósito: a arte resgata a cidadania”, apontou Cecília Brennand, idealizadora do Aria Social, em entrevista concedida à Folha de Pernambuco em março. 

Mais de 13 mil alunos já aram pelo projeto, que tem sua sede localizada em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Alguns, após anos de formação, montaram escolas de dança dentro de suas comunidades, expandindo o impacto social da instituição. Com a criação do Curso Técnico em Dança, em 2022, a organização liderada por Cecília fortalece seu papel multiplicador. 

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