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ESTADOS UNIDOS

Disney afasta 45 trabalhadores venezuelanos após decisão da Suprema Corte sobre proteção migratórias

Segundo a empresa, funcionários foram colocados em licença não remunerada de 30 dias. Os que não apresentarem uma nova autorização de trabalho válida até o final do período serão demitidos

Os funcionários da Walt Disney Co. na Flórida que perderão a residência legal temporária nos Estados Unidos foram notificados pela empresa na terça-feira de que estão suspensos em seus empregos, sob risco de demissão em um mês, depois que a Suprema Corte revogou na segunda-feira as proteções para 350 mil venezuelanos.

A empresa enviou um e-mail aos funcionários com Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) na terça-feira informando que eles haviam sido colocados em licença não remunerada de 30 dias, a partir de 20 de maio. De acordo com comunicações internas obtidas pela Bloomberg, os indivíduos que não apresentarem uma nova autorização de trabalho válida até o final desse período serão demitidos.

Um funcionário venezuelano com status TPS que trabalha em um resort da Disney teve a entrada negada quando se apresentou para trabalhar na terça-feira, de acordo com o funcionário, que pediu para não ser identificado.

 

"Enquanto resolvemos as complexidades desta situação, colocamos os funcionários afetados em licença com benefícios para garantir que eles não violem a lei", disse a Disney em um e-mail. "Estamos comprometidos em proteger a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os nossos funcionários e suas famílias, e nossas equipes de recursos humanos e jurídicas estão auxiliando os funcionários que podem estar lidando com mudanças nas políticas de imigração e como elas podem afetá-los ou suas famílias."

A empresa indicou que 45 trabalhadores são afetados.

Deportações sem devido processo: Relatório contradiz governo Trump e revela que 50 venezuelanos enviados à prisão em El Salvador entraram legalmente nos EUA

A ação da Disney, sediada em Burbank, Califórnia, uma das maiores empregadoras da Flórida, ocorre após a decisão da Suprema Corte de permitir que o governo de Donald Trump encerre as proteções legais para venezuelanos que receberam o status TPS, retirando-lhes o direito de viver e trabalhar temporariamente nos EUA e expondo muitos deles à perspectiva de deportação.

Os direitos dos migrantes venezuelanos se tornaram uma questão recorrente na Suprema Corte. Na sexta-feira, os juízes estenderam uma ordem que impede o governo de usar uma lei de guerra para enviar cerca de 176 supostos membros de gangues venezuelanas para uma notória prisão salvadorenha.

A decisão mais recente permite que o Departamento de Segurança Interna cancele uma extensão do TPS que o governo de Joe Biden implementou pouco antes de deixar o cargo. A medida afetará mais da metade dos 600 mil venezuelanos atualmente inscritos no programa. O restante permanecerá sob proteção até setembro.

Um juiz federal na Califórnia realizará uma audiência na próxima semana sobre um caso que contesta os planos do governo Trump de cancelar o TPS para venezuelanos. O juiz federal Ed Chen já havia bloqueado o fim das proteções, argumentando que os argumentos do governo "são totalmente desprovidos de base probatória".

A decisão da Suprema Corte não abordou os méritos do processo original, mas deu permissão ao governo para encerrar o programa enquanto o litígio continua.

Há aproximadamente 360 mil pessoas com status TPS na Flórida, 60% das quais são da Venezuela. O TPS foi criado pelo Congresso em 1990 para proteger migrantes de países que am por conflitos armados, desastres ambientais ou outras catástrofes. Atualmente, cidadãos de 17 países são cobertos pelo programa. A Venezuela foi adicionada à lista em 2021, após um período de colapso econômico e político sob o governo do presidente Nicolás Maduro.

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