Entenda o que é pré-eclâmpsia, quadro que atingiu Lexa e Meghan Markle durante gravidez
Mulheres com essa condição podem não apresentar sintomas, mas outras podem ter pequena retenção de líquido, hipertensão e ocorrência de pequenos pontos vermelhos na pele
Meghan Markle revelou nesta terça-feira que enfrentou complicações médicas relacionadas à gravidez. A mulher do príncipe Harry contou, no episódio de estreia de seu novo podcast, que enfrentou um quadro de pré-eclâmpsia pós-parto, durante conversa com a fundadora do aplicativo de namoro Bumble, Whitney Wolfe Herd, que teve a mesma condição.
"Nós duas tivemos experiências muito parecidas — embora não nos conhecêssemos na época — com o pós-parto, e ambas tivemos pré-eclâmpsia pós-parto. É tão raro e assustador", disse a ex-atriz de 43 anos.
Outra que sofreu deste mesmo problema foi a cantora Lexa. Com 29 anos, ela foi internada em São Paulo em fevereiro após desenvolver um quadro de pré-eclâmpsia quando ela esperava Sofia, fruto de seu relacionamento com o ator Ricardo Vianna. Na ocasião, para preservar a gravidez, Lexa anunciou que havia desistido de desfilar como rainha da bateria da Unidos da Tijuca no Carnaval 2025.
Nascida no dia 02 de fevereiro, a criança faleceu no dia 05 em decorrência de complicações causadas por um quadro de pré-eclâmpsia precoce grave e síndrome HELLP, motivo pelo qual a cantora estava internada desde janeiro.
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"Na pré-eclâmpsia grave, além da pressão alta, há o acometimento de órgãos, como rins, fígado, placenta e cérebro. Quando acontece precocemente, pode levar a consequências tanto para a mãe quanto para o feto. Uma dessas complicações é a síndrome HELLP (hemólise, elevação de enzimas hepáticas e queda de plaquetas), que, por sua vez, pode levar a insuficiência hepática e coagulação do organismo inteiro, o que é chamado de CIVD. E isso também pode afetar tanto a mãe quanto o bebê", explica o ginecologista obstetra Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.
Hipertensão, retenção de líquido e pontos vermelhos na pele
A condição reflete um diagnóstico de hipertensão arterial que surge, em geral, após a 20ª semana de gravidez e antes do final da primeira semana depois do parto. Algumas mulheres com pré-eclâmpsia não apresentam sintomas, outras têm uma pequena retenção de líquido, em especial nas mãos, no pescoço, no rosto e nos pés.
Além disso, pequenos pontos vermelhos podem surgir na pele. Trata-se de um problema que atinge de 3% a 7% das gestantes. Quando a pré-eclâmpsia é grave os sintomas são diferentes, entre os mais comuns estão as dores de cabeça intensas, dificuldade de respirar, vômitos e pressão arterial elevada. A condição pode afetar órgãos como pulmões, coração e rins e até gerar o desprendimento da placenta.
Após o diagnóstico, as gestantes, geralmente, são internadas e antecipar o parto é uma solução, de acordo com o tempo gestacional, para reverter o quadro clínico. Nos casos em que o bebê é prematuro, uma avaliação cuidadosa do médico é necessária para apontar qual situação traz menos risco para mãe e bebê.
"Para o bebê, a principal complicação é a prematuridade. Além disso, se ocorreu algum problema de falta de oxigenação e desenvolvimento da placenta, essa criança tem restrição de crescimento, o peso fica baixo e os órgãos principais acabam não se formando. Então essa criança pode não resistir fora do útero por uma falta de maturidade de alguns órgãos, principalmente o pulmão", ressalta o especialista.
A causa exata da pré-eclâmpsia não é conhecida, mas, de acordo com o médico, acredita-se que esteja relacionada com uma falha no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta, por uma ativação inflamatória que afeta todo o organismo materno.
"Sabemos também que a pré-eclâmpsia está diretamente relacionada a fatores como histórico pessoal ou familiar de hipertensão ou pré-eclâmpsia, idade acima dos 35 anos, gestação decorrente de reprodução assistida (fertilização in vitro), obesidade, diabetes e gestação gemelar”, destaca o ginecologista. “A pré-eclâmpsia é, inclusive, recorrente em pacientes que se submeterem a procedimentos de reprodução assistida como a Fertilização In Vitro justamente por características comuns desses indivíduos e procedimentos, como a idade geralmente mais avançada das gestantes e a maior probabilidade de gêmeos", afirma Fernando.