Gene Hackman: ator estava morto há nove dias, acredita polícia
Corpos não tinham sinais de monóxido de carbono, de acordo com exames preliminares
Muitos mistérios ainda cercam a morte do ator Gene Hackman, de sua mulher, Betsy Arakawa, e do cachorro do casal, cujos corpos foram encontrados na última quarta-feira.
De acordo com novas informações da polícia de Santa Fe, na Califórnia, o marca-o do artista parou de funcionar no dia 17 de fevereiro, o que leva os investigadores a crer que ele morreu há nove dias.
O xerife Adan Mendoza, que falou com a imprensa na última sexta-feira, disse que não foram encontrados vestígios de monóxido de carbono no corpo do casal, o que exclui a possibilidade de vazamento de gás, uma hipótese trabalhada pela polícia.
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Os resultados finais da necropsia e de outros exames toxicológicos ainda vão demorar, disse Mendonza. O processo "pode levar um mês, três meses ou mais", que também que "não houve trauma externo em nenhum dos indivíduos".
Segundo a Variety, as autoridades coletaram na casa dois celulares, dois frascos de medicamentos e de paracetamol, uma solicitação de registros médicos e uma agenda de 2025. Não havia nenhum sistema de segurança, dentro ou fora da propriedade, que pudesse ser levado pela polícia para ajudar com informações sobre o que pode ter acontecido. Funcionários do condomínio onde o casal morava estão sendo entrevistados.
Na investigação, as autoridades coletaram dois celulares verdes, dois frascos de medicamentos, um frasco de Tylenol de venda livre, uma solicitação de registros médicos e uma agenda mensal de 2025 para fins de evidência.
O xerife também afirmou que não encontraram nenhum sistema de segurança, dentro ou fora da residência, que possa ser coletado para ajudar a determinar uma linha do tempo. As autoridades continuarão a conduzir entrevistas com funcionários da comunidade fechada onde o casal residia.
Os corpos de Gene Hackman, Betsy Arakawa e do cachorro foram encontrados na última quarta-feira por um funcionário de manutenção do condomínio.
Arakawa foi achada no chão do banheiro; um frasco de remédio vendido com prescrição médica estava aberto na bancada, com comprimidos espalhados por perto. Hackman estava no lavabo, adjacente à cozinha.
Um cão da raça pastor alemão também foi achado num armário do banheiro, próximo ao corpo de Arakawa. Dois cães saudáveis estavam na propriedade, e a Divisão de Controle Animal do condado de Santa Fe foi acionada para garantir a segurança deles.
Quem era Gene Hackman?
O ator Gene Hackman era uma das maiores estrelas de Hollywood, vencedor de dois prêmios Oscar. Os dois Oscars que Gene Hackman venceu foram pelos longas "Operação França" (1971), como melhor ator, e "Os imperdoáveis" (1992), como melhor ator coadjuvante.
'Treinado para ser ator'
Eugene Allen Hackman nasceu em San Bernardino, Califórnia, em 30 de janeiro de 1930, e cresceu em Danville, Illinois. Seu pai, também chamado Eugene, trabalhava como tipógrafo para um jornal local. Sua mãe, Anna Lyda (Gray) Hackman, era garçonete.
Aos 13 anos, viu o pai abandonar a família, acenando para ele pela janela do carro enquanto dirigia para longe. “Talvez seja por isso que virei ator”, refletiu ele anos depois.
Hackman ingressou no exército aos 16 anos após mentir sobre sua idade, servindo por quatro anos e meio. Serviu na China, no Havaí e no Japão, chegando a trabalhar como DJ na rádio de sua unidade. Após a dispensa d serviço militar, morou brevemente em Nova York antes de decidir seguir a carreira de ator.
Para isso, ingressou no Pasadena Playhouse, na Califórnia, onde fez amizade com um jovem Dustin Hoffman. "Fui treinado para ser ator, não uma estrela. Fui treinado para interpretar papéis, não para lidar com a fama, agentes, advogados e a imprensa", disse Hackman em uma entrevista, como relembrou a BBC.
"Me custa muito emocionalmente me ver na tela. Penso em mim mesmo e me sinto jovem, mas, então, vejo esse velho com queixo flácido, olhos cansados e entradas no cabelo", refletiu em outra ocasião.
Versátil, Hackman era o que se chamava de "everyman" perfeito de Hollywood. Seus personagens — presidiário, xerife, membro da Ku Klux Klan, operário siderúrgico, espião, ministro, herói de guerra, viúvo enlutado, comandante de submarino, técnico de basquete, presidente — desafiavam qualquer categorização, assim como suas interpretações sempre repletas de muitas nuances
Ainda assim, ele não negava sua imagem de “homem comum”, nem se incomodava com isso. Certa vez, brincou que parecia “um trabalhador de mina qualquer”. De fato, ele parecia ter nascido de meia-idade: levemente calvo, com traços fortes, mas sem serem notáveis, nem feios nem bonitos, um homem alto (1,88 m) mais propenso a se misturar a uma multidão do que a se destacar nela.