Mulher de Alec Baldwin lembra cancelamento durante a pandemia, ao lançar livro de memórias
Instrutora de ioga, Hilaria Baldwin revisita o acontecimento em "Manual not included"
Durante o confinamento da Covid-19, em dezembro de 2020, “detetives” conectados, presos em casa, começaram a desenterrar aparições públicas de Hilaria Baldwin, instrutora de ioga e esposa do ator Alec Baldwin.
Eles estavam apontando o que viam como discrepâncias em seu sotaque espanhol e nas histórias que ela havia contado sobre experiências de infância na Espanha.
Leia também
• "Rust", de Alec Baldwin, ganha lançamento discreto nos EUA, anos após tiroteio fatal
• Alec Baldwin critica falta de consciência dos americanos sobre temas globais
• Promotora do caso Alec Baldwin pede ao juiz que reconsidere anulação do julgamento
O principal exemplo foi quando Hilaria Baldwin, aparentemente, esqueceu a palavra inglesa para pepino durante um segmento de culinária no programa "The Today Show", um episódio que o New York Times chegou a chamar de "o infeliz momento do pepino".
Cinco anos mais tarde, em uma nova autobiografia, "Manual not included”, Hilaria relembra o episódio e fala sobre ser "cancelada" com alegações de que estava fingindo um sotaque espanhol.
Ela se dobra em defender seu discurso, explicando que é o resultado de uma tendência comum entre falantes bilíngues, conhecido como "code-switching”.
A instrutora de ioga também utiliza pesquisas médicas em torno desse comportamento, que é comum, e ainda observa que seu transtorno de hiperatividade com déficit de atenção pode afetar sua fala.
No primeiro capítulo das memórias, que a editora Simon & Schuster publicou em 6 de maio, Hilaria escreve que "uma multidão coordenada" alimentada pela misoginia, a colocou na mira, no ano de 2020, levando a um circo global midiático sobre as inconsistências percebidas com seu sotaque espanhol.
"Foi terrível tentar explicar isso no palco mundial”, ela escreve. "É apenas o que é, e eu não sabia como ser diferente”.
A memória de Hilaria é sua mais recente incursão na vida pública desde as acusações de sotaque falso, em 2020, além do envolvimento de seu marido em um tiroteio fatal no set do weetern "Rust", menos de um ano depois.
Atualmente, os Baldwins também estão estrelando um reality show, "The Baldwins," na TLC.
Conexão com a Espanha
Hilaria Baldwin foi batizada como Hillary Hayward-Thomas, em Boston. Ela cresceu viajando, indo e voltando para Maiorca, na Espanha, um lugar com o qual seu pai se sentia fortemente ligado desde sua infância.
Mas, com o tempo, essa informação acabou causando certa confusão, por causa de uma biografia no site de sua agência de talentos, a Creative Arts Agency, que afirmava que ela nasceu em Maiorca.
A mulher de Alec Baldwin chegou a falar que o “Times”, uma vez, associou sua maneira de falar a "um ligeiro sotaque espanhol" de "uma infância dividida entre Boston e a Espanha”.
Além disso, seu próprio marido chegou a dizer, em um programa de TV da madrugada: "Minha esposa é da Espanha”.
Hilaria escreve em seu livro que sempre se identificou como "multicultural" e que “misturou as palavras” do espanhol e do inglês.
Essa existência "culturalmente fluida", como ela a chamou, culminou no momento embaraçoso amplamente visto durante um segmento de culinária transmitido ao vivo no programa da NBC "Today".
Na época, ela apontou para um pepino e perguntou ao seu colega apresentador: "Como se diz isso em inglês?".
Acusações e superação
Em 21 de dezembro de 2020, uma mulher utilizando o nome de usuário @Lenibriscoe nas redes sociais, começou a desvendar o que chamou de “golpe da década de Baldwin: onde ela imita uma pessoa espanhola”.
A internauta compartilhou clipes de Hilaria — que agora são bem conhecidos —, apontando inconsistências em seu sotaque e sua história de fundo (a conta é privada desde que foi criada).
Hilaria escreve que agora tenta rir do alvoroço, mas que, na época, o incidente a afetou. Seu sotaque flutuante, comenta ela, é agora mais amplamente compreendido como uma característica de muitas pessoas bilíngues.
Ela citou uma pesquisa de um amigo que está na faculdade de medicina, com termos como "área de Wernicke”, "córtex cingulado anterior" e "gânglios basais”.
Ela ainda revelou que foi diagnosticada com dislexia e TDAH, o que afeta sua fala. Depois do drama nas redes sociais, escreve ela, aproveitou para fazer terapia de fala, com o objetivo de melhorar a sua enunciação.
"Crescendo sendo neurodivergente, eu tive que trabalhar mais duro na escola do que muitas das pessoas ao meu redor”, escreve, acrescentando:
"Agora estou ciente de que o meu cérebro funciona de forma diferente e posso realmente ter sucesso nos ambientes e tarefas certas”.
E enquanto entende melhor a controvérsia, Hilaria Baldwin relembra aquela época: "Quando eu acordei, eu queria estar morta”.
Quase cinco anos depois, ela recuperou a confiança em sua identidade multicultural, segundo seu livro, e continua a criar seus sete filhos falando espanhol e apresentando-os à culinária espanhola.
"Olhando para trás, eu aprendi que não é apenas malícia e ignorância que levou à insanidade que experimentei; realmente foi sobre uma mulher e sua voz", escreve ela.