"Lilo & Stitch" é aposta certeira da Disney em meio à saturação dos remakes em live-action
Versão com atores da animação de 2002 estreia nesta quinta-feira (22), mantendo o mesmo espírito do original
“Lilo & Stitch”, a mais nova animação da Disney a ganhar uma versão em “carne e osso”, estreia nesta quinta-feira (22) nos cinemas. O filme é a grande aposta do estúdio após o recente fracasso de “Branca de Neve” nas bilheterias, que escancarou a saturação dos remakes em live-action.
A fórmula que vem sendo exaustivamente empregada pela Disney há alguns anos parece já não ser mais garantia de sucesso. Com o novo lançamento, no entanto, o estúdio tem grandes chances de fazer as pazes com o público e compensar o prejuízo anterior.
Não será nenhuma surpresa se “Lilo & Stitch” se tornar a mais bem-sucedida releitura em live-action da Disney. Parte dessa previsão é justificada pelo enorme trabalho comercial que a empresa tem feito e que tornou o carismático alienígena azul mais popular do que nunca, presente em todo tipo de produto, disputado por crianças e adultos.
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A exitosa estratégia de divulgação não apaga os méritos que o próprio filme carrega. Pensado originalmente para o streaming, a obra faz jus à tela grande, presenteando o público com belas imagens do Havaí e um CGI convincente. O diretor Dean Fleischer Camp, conhecido pelo curta-metragem “Marcel, a Concha de Sapatos”, foi feliz na missão de trazer um frescor à obra original, mas sem trair sua essência.
Trama mantida
O enredo é o mesmo da animação lançada em 2002. Um perigoso extraterrestre, fruto de uma experiência genética, é adotado por uma problemática menininha havaiana, que acredita que ele é um cachorrinho. Caçado por agentes intergaláticos, a criatura desenvolve uma relação de afeto com a garota, mas essa amizade acaba gerando uma série de confusões.
Por mais carismática que seja a figura de Stitch, a alma do filme está nas irmãs Lilo (Maia Kealoha) e Nani (Sydney Agudong), que perderam os pais. O live-action consegue aprofundar essa relação, trazendo mais dramaticidade à luta da mais velha para não perder a guarda da mais nova.
Ao observar o amor entre as irmãs, Stitch aprende o que é família (“ohana”, em havaiano) em um sentido que vai além dos laços de sangue, incluindo também os amigos de Nani e Lilo, que ganham maior importância na trama. É com eles também que o monstrinho descobre o amor que não deixa ninguém para trás, apesar das diferenças. A abordagem garante momentos de emoção, fazendo com que o longa transite entre o riso e as lágrimas facilmente.
Fidelidade à animação
O novo “Lilo e Stitch” é bem fiel ao original, especialmente na sua primeira metade, quando entrega cenas que praticamente espelham a animação. Mesmo assim, a obra não se isenta de mudanças necessárias, tornando o roteiro possível de ser executado em live-action, com acréscimo de personagens e alterações no desfecho que trazem mais sentido à trama.
É nítida a escolha de atender ao apelo nostálgico, em vez de arriscar com ousadias de mudanças de perspectiva. O longa-metragem pode até não ser uma obra inovadora, mas cativa por sua proposta despretensiosa e repleta de lições para todas as gerações.
O resultado do filme não seria o mesmo se a equipe de efeitos visuais não tivesse conseguido acertar na criação do Stitch. A tecnologia - que já falhou em outros remakes da Disney - preservou a fofura do pequeno alien, que deve permanecer ainda por algum tempo estampado em roupas, bichos de pelúcia e objetos de todos os tipos.