Vik Muniz expõe no Recife a maior retrospectiva da sua carreira, com mais de 200 trabalhos
"A Olho Nu" pode ser vista pelo público no Instituto Ricardo Brennand (IRB), desta sexta-feira (13) até 31 de agosto
Vik tem propriedade em dizer que “o grande material do artista é a experiência”. Afinal, ao longo de quase 40 anos de carreira, o paulistano já trabalhou com os mais inusitados materiais, como alimentos, lixo, restos de demolição e até mesmo diamantes. Essas experimentações compõem as 37 séries presentes na mostra, contemplando um recorte de produção que vai dos anos 1980 até 2025.
A curadoria da exposição é assinada por Daniel Rangel, diretor do Museu de Arte Contemporânea da Bahia. Para classificar Vik Muniz, o curador utiliza o termo “fotógrafo agricultor”, criado pelo canadense Jeff Wall, que diz respeito ao artista que constrói a situação a ser fotografada.
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Em seu processo de trabalho, Vik cria as imagens a partir de materiais diversos e, em seguida, as fotografa. “Vocês vão ver que na minha obra há sempre uma tensão entre o físico e o imagético, o que é muito representativo do momento que estamos vivendo agora. A imagem está gradualmente tomando uma identidade autônoma e já não tem mais uma correspondência direta com o mundo físico”, reflete o artista.
Daniel Rangel aponta Vik como um ilusionista. “Ele exemplifica a distância entre o que está dentro da nossa mente e o que está fora dela. É nesse intervalo perceptivo do que é ou não real onde, provavelmente, a arte se faz presente”, conceitua o curador.
No IRB, o artista expõe pela primeira vez, além das fotografias, também suas esculturas. Elas integram a série “Relicário”, que recepciona o público logo na entrada da mostra. Algumas são peças originais há anos guardadas, outras são recriações e há ainda a inédita “Concretismo Clássico”, com tijolos de quartzito, mármore e granito, feita especialmente para o Recife.
Outra obra inédita e que tem forte ligação com o local que abriga a exposição está presente na série “Dinheiro Vivo”. Trata-se de uma recriação, utilizando cédulas de real fornecidas pela Casa da Moeda, de uma pintura da Estrada da Várzea feita pelo artista Telles Júnior na virada do século 19.
Imagens retiradas de obras de artes icônicas, paisagens famosas, figuras históricas ou mesmo personagens da cultura pop são recorrentes no trabalho de Vik. Buscando sempre a comunicação com o grande público, o paulistano opta por elementos que sejam amplamente reconhecíveis. “Não gosto que as pessoas saiam da minha exposição se sentindo burras”, aponta o artista.
“A Olho Nu” é fruto de uma parceria entre o IRB e a Galeria Nara Roesler. O resultado agradou tanto o artista e produtores que já há a possibilidade da exposição viajar para outros lugares do Brasil. “É uma exposição que precisa circular e não é por acaso que, por todas as conjunturas, isso começou aqui. Pernambuco tem a tradição de ser um local onde a criação eclode”, defende o curador.
Serviço:
Exposição “Vik Muniz - A Olho Nu”
Quando: de hoje até 31 de agosto; visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 17h (última entrada às 16h30)
Onde: Instituto Ricardo Brennand (Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea - Recife)
Ingressos por R$ 25 (meia) e R$ 50, à venda no
e na bilheteria no museu
Informações: (81) 2121-0365/0334