Após críticas de Macron, Lula reforça meta de fechar acordo União EuropeiaMercosul até fim do ano
Após reunião com chefe do Conselho Europeu, presidente reafirmou intenção de concluir a negociação e disse que o Brasil fará um esforço para esclarecer divergências com países europeus
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou neste domingo (8) a meta de fechar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia até o fim deste ano, durante a presidência rotativa brasileira do bloco sul-americano.
Em almoço com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, em Mônaco, o presidente disse estar determinado a esclarecer pontos de divergências para que a negociação avance.
“Expus minha firme convicção de que é possível o Acordo Mercosul-União Europeia até o fim deste ano, por ocasião da presidência brasileira do bloco”, declarou Lula em uma publicação nas redes sociais.
A França, especialmente em razão do setor agrícola, é um dos países mais resistentes ao avanço do pacto. Na sexta-feira, ao lado de Lula, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que o acordo “traz riscos” para agricultores europeu, e disse que era preciso melhorar o texto atual.
Em resposta, Lula argumentou que nenhum governo atual teria maior preocupação ambiental do que o seu e disse estar disposto a conversar diretamente com os agricultores para esclarecer pontos sobre a sustentabilidade.
Na postagem deste domingo, o presidente complementou que, nas próximas semanas, o Brasil fará esforços para demonstrar “as convergências e complementaridades existentes entre a agricultura brasileira e europeia”, bem como a total compatibilidade do tratado com os compromissos do Acordo de Paris.
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“Como enfatizei em minha recente visita de Estado à França, é essencial fazer um esforço de esclarecimento sobre a total compatibilidade desse acordo com os interesses das duas partes do ponto de vista ambiental, comercial e estratégico. Em um contexto de ressurgimento do protecionismo, ambos coincidimos sobre o papel fundamental desse acordo para o multilateralismo”, afirma o presidente.
Viagem à França
Acompanhado pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e por uma comitiva de ministros, Lula desembarcou em Paris na última quarta-feira. Na capital sa, ele se reuniu com Macron e participou de encontros bilaterais. Apesar do clima amistoso demonstrado com o mandatário francês durante a viagem, Lula e Macron têm divergido publicamente sobre o tratado comercial.
Na visita que fez ao Brasil no ano ado, o presidente classificou as condições do acordo como “péssimas”. Meses depois, em dezembro de 2024, Mercosul e União Europeia anunciaram a conclusão das negociações para o tratado, mesmo com a resistência da França. Desde então, Macron tem cobrando revisões no texto final.
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A União Europeia é o segundo principal parceiro comercial do Brasil. Para entrar em vigor, o acordo ainda precisa ar pelo processo de revisão legal e tradução, além da formal e ratificação final por instâncias dos dois blocos.
Lula esteve em Mônaco, onde participou do Fórum de Economia e Finanças Azuis e teve encontro com o príncipe de Mônaco, Alberto II. Durante a atarde, ele retorna a Nice para participar nesta segunda-feira da Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano. A agenda também inclui uma reunião com a Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, e encontro com o presidente do Benim, Patrice Talon.
Ao lado de Lula, no encontro com António Costa, estavam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, Luciana Santos, da Ciência e Tecnologia, e Mauro Vieira, das Relações Exteriores, além do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
“Também tratamos (no encontro com Antonio Costa) das sinergias entre o Brasil e a União Europeia no combate à mudança do clima. A Europa é um parceiro imprescindível para o sucesso da COP30, em Belém”, acrescentou o presidente na mensagem publicada no X.