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Economia

Argentina anuncia pacote para levantar até US$ 7 bi, e BC deixa de fixar taxa de juros de referência

País vai emitir dívida para ampliar reservas internacionais

Em meio às dificuldades na compra de reservas e à necessidade de manter o dólar em patamar mais baixo, o governo da Argentina anunciou na noite de segunda-feira um pacote com o objetivo de levantar até US$ 7 bilhões. Entre as medidas estão mudanças na sua política monetária, que levará ao fim da taxa básica de juros no país, típica dos regimes de metas de inflação.

A partir de 10 de julho, a emissão das chamadas Letras Fiscais de Liquidez (LEFI), que substituíram a antiga Leliq, será encerrada. Esses títulos foram criados pelo governo de Javier Milei para facilitar a eliminação de ivos remunerados do Banco Central (BC). Dessa forma, o BC argentino se desfez de sua dívida com pessoas físicas.

As letras que estão hoje em negociação vencem em 17 de julho e deixarão de ser oferecidas ao mercado. Com essa medida, a taxa básica de juros que em vários países, como o Brasil, é usada para definir metas de inflação, deixará de ser definida pela autoridade monetária argentina.

Em vez disso, o governo adotará um sistema baseado no "controle de agregados monetários", em que as taxas serão determinadas pelo mercado.

A equipe econômica trocará as LEFI nos ativos do BC por títulos de curto prazo denominados em pesos (LECAPs) e listados no mercado secundário, com vencimento de até 90 dias. Também haverá aumento dos compulsórios bancários.

O Banco Central e o Ministério da Economia anunciaram as mudanças em dois comunicados, sem convocar uma coletiva de imprensa.

Outra medida anunciada pelo governo foi a realização de licitação de títulos públicos com subscrição direta em dólares a partir de junho, para colocações com prazo superior a um ano, com limite mensal de US$ 1 bilhão.

Segundo fontes da equipe econômica ouvidas pelo Clarín, o plano é emitir até US$ 7 bilhões durante o restante do ano, valor que permitiria ao governo se aproximar dos US$ 9 bilhões necessários para cumprir a meta de reservas do Fundo Monetário NacionaI (FMI) ou cobrir os pagamentos a credores privados.

Como parte do acordo com o FMI, a equipe de Milei se comprometeu a aumentar suas reservas internacionais líquidas em US$ 4,4 bilhões até 13 de junho.

Há duas semanas, o governo emitiu o Bond 2030 por US$ 1 bilhão, um título pagável em pesos a uma taxa de 29,5%. Na ocasião, o Banco Central eliminou o período de retenção de seis meses para investidores não residentes que participam de leilões primários de títulos do Tesouro com dólares. Agora, o Ministério da Economia informou que esses períodos também serão eliminados para não residentes que investem no mercado de câmbio.

Desde o acordo com o FMI, a equipe econômica impôs uma regra autoimposta de não comprar reservas até que o dólar atinja o piso da faixa, em US$ 1.000. Como a taxa de câmbio permaneceu próxima de US$ 1.200 e a autoridade monetária não interveio, as reservas diminuíram nas últimas semanas. Mas agora os bancos acreditam que "comprarão dólares indiretamente, emitindo reservas para os residentes em troca de dólares".

O Banco Central argentino também disse que revelaria um segundo acordo de recompra com vários credores internacionais, de até US$ 2 bilhões, em 11 de junho.

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