Brasil defenderá multilateralismo em reunião entre representantes de segurança do Brics
Assessor de Lula vai falar, em seu discurso, sobre os entendimentos entre Brasil e China em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia
O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que a mensagem a ser transmitida pelo Brasil, na manhã desta quarta-feira, aos responsáveis pela segurança nacional de seus respectivos países no Brics será a defesa do multilateralismo.
O grupo é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
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— Não há paz, não há livre comércio, não há prosperidade se não houver um sistema multilateral. Isso não é uma coisa abstrata. Você fala multilateralismo, parece que está falando uma religião. Não é. O Brasil não teria ganhado os casos do algodão contra os Estados Unidos, do açúcar (contra a União Europeia), não teria legitimado o uso de medicamentos genéricos para combater a Aids, se não tivesse um sistema multilateral — disse Amorim.
Ele se referia a ações, na OMC, contra os subsídios americanos e europeus aos produtores de algodão e açúcar, respectivamente, e à possibilidade de quebra de patentes de medicamentos, para evitar o desabastecimento e tornar o preço mais ível ao usuário.
Na véspera do evento que reunirá assessores de segurança do Brics, Amorim teve encontros bilaterais, nesta terça-feira, com representantes da África do Sul, da Indonésia, da Índia, da Rússia e da China. Disse que a paz e a segurança terão destaque no encontro.
O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai falar, em seu discurso de abertura, sobre os entendimentos entre Brasil e China em relação à guerra entre Rússia e Ucrânia. Sem entrar em detalhes, disse que haverá uma parte, nos debates, sobre mediação.
— Quantas vezes o Brasil teve um entendimento conjunto com um membro permanente Conselho de Segurança sobre o assunto da paz e segurança internacional? Hoje fiz várias bilaterais importantes — disse Amorim.
Atualmente, entre os integrantes do Brics, a China e a Rússia são membros permanentes do Conselho de Segurança. O Brasil é membro rotativo, com mandato de dois anos.