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ESTADOS UNIDOS

Governo Trump planeja revogar restrições a chips de IA criadas por Biden, diz agência

Autoridades do governo estariam trabalhando ativamente em uma nova regra que reforçaria o controle sobre chips exportados

O governo de Donald Trump planeja revogar as restrições a chips de inteligência artificial impostas durante a istração de Joe Biden. A decisão faz parte de um esforço mais amplo para revisar as limitações ao comércio de semicondutores, medidas que enfrentaram forte oposição de grandes empresas de tecnologia e governos estrangeiros, segundo fontes a par do assunto.

A revogação, que ainda não foi formalizada, tem como objetivo reformular uma política lançada sob o presidente Joe Biden que criou três categorias amplas de países para regular a exportação de chips de empresas como a Nvidia e outras. Segundo as fontes, a istração Trump não pretende aplicar a chamada “regra de difusão de inteligência artificial” quando ela entrar em vigor, em 15 de maio.

As mudanças estão sendo definidas enquanto o presidente Donald Trump se prepara para uma viagem ao Oriente Médio, onde vários países — incluindo Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — expressaram descontentamento com as restrições à aquisição de chips de IA.

Autoridades do governo Trump estariam trabalhando ativamente em uma nova regra que reforçaria o controle sobre chips exportados, de acordo com as pessoas ouvidas, que pediram anonimato porque a mudança ainda não é pública.

As ações de fabricantes de chips subiram após a Bloomberg News noticiar o movimento. A Nvidia avançou 3,1%, e o índice de semicondutores da Bolsa da Filadélfia — referência importante do setor — ganhou 1,7%.

Divulgada na última semana do governo Biden, a chamada “regra de difusão” estabeleceu novas exigências de licenciamento dos EUA para embarques de chips de IA a boa parte do mundo. A medida foi uma espécie de ato final após anos de escalada nas restrições ao comércio de semicondutores.

O objetivo era impedir que a China obtivesse tecnologia de chips de IA por meio de intermediários e atrair mais países para a esfera de influência dos EUA, impondo exigências de segurança para o à tecnologia americana de ponta.

“A regra de IA do governo Biden é excessivamente complexa, excessivamente burocrática e sufocaria a inovação americana. Vamos substituí-la por uma regra muito mais simples, que libere a inovação americana e garanta a supremacia dos EUA em IA,” afirmou o Bureau de Indústria e Segurança do Departamento de Comércio dos EUA, em comunicado divulgado por um porta-voz.

O Departamento de Comércio continuará aplicando rigorosamente as restrições à exportação de chips enquanto desenvolve uma nova regra, segundo fontes ouvidas. Um dos elementos da revogação da regra de difusão será impor controles sobre chips a países que tenham desviado esses produtos para a China, incluindo Malásia e Tailândia, disse uma das pessoas.

A Nvidia, principal fabricante de chips para o treinamento de modelos de inteligência artificial, tem se posicionado contra o aumento das restrições impostas pelos EUA. A empresa critica consistentemente a regra de difusão de IA e defende sua revogação total, argumentando que impor restrições a terceiros países só os aproximará da China.

O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou esta semana que empresas americanas deveriam poder vender para a China, que ele prevê se tornar um mercado de US$ 50 bilhões em chips de IA nos próximos anos.

Ainda assim, o governo Trump vem intensificando as restrições direcionadas às ambições tecnológicas de Pequim. O republicano já proibiu a Nvidia de vender seu chip H20 para a China, medida que gerou baixas contábeis de US$ 5,5 bilhões para a companhia. Procurada, a Nvidia não respondeu a reportagem.

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A revogação da regra de difusão de IA representaria um alívio temporário para países como Índia e Malásia, que não enfrentavam restrições à exportação de chips antes de janeiro, quando o governo Biden apresentou a estrutura da regra. O adiamento das restrições à Malásia seria uma vitória para a Oracle Corp., que planeja uma grande expansão de data centers no país e estava prestes a ultraar os limites impostos pela regra.

A medida do governo Trump também seria bem recebida por países afetados por rodadas anteriores de restrições dos EUA, como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita, que enxergam oportunidades de negociar melhores termos com a nova equipe em Washington.

Esses dois países, junto com o restante do Golfo Pérsico e partes do Sudeste Asiático, enfrentam controles sobre exportação de chips desde 2023 — o que significa que um simples adiamento da regra de difusão de IA não eliminaria os requisitos de licenciamento para as vendas da Nvidia a data centers na região.

Segundo reportagem da agência Bloomberg, Trump demonstrou interesse em flexibilizar as restrições para os Emirados Árabes Unidos, e pode anunciar o início de negociações para um acordo bilateral sobre chips de IA durante sua visita ao emirado, entre 13 e 16 de maio.

Os Emirados vêm pressionando por tal acordo e prometeram investir até US$ 1,4 trilhão em tecnologia e infraestrutura dos EUA na próxima década — promessa que influenciou positivamente as conversas em favor do país.

Firmar acordos com a ampla gama de países interessados em comprar chips da Nvidia seria uma tarefa monumental, e poderia resultar em dezenas de políticas separadas a serem seguidas pelas empresas.

As categorias de países e os limites de exportação de chips não foram a única novidade da regra de difusão de IA. O marco regulatório também estabeleceu controles sobre a exportação de pesos de modelos de IA — os parâmetros numéricos usados pelos softwares para processar dados e fazer previsões ou decisões. Os planos do governo Trump para essas restrições ainda estão em discussão.

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