Indicação de novo chefe do INSS por Lula sem avisar Lupi foi decisiva para pedido de demissão
Ministro foi informado sobre o nome escolhido para presidir a autarquia pela colega Gleisi Hoffmann
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de escolher o novo presidente do INSS sem participação do então ministro da Previdência, Carlos Lupi, foi vista no Palácio do Planalto como fundamental para que o titular da pasta pedisse demissão nesta sexta-feira (2).
Lula escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para assumir o comando do órgão após a operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) no dia 23 de abril que revelou um esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões.
A definição do chefe da autarquia envolveu os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Vinicius de Carvalho (Controladoria Geral da União) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) ao longo da última quarta-feira.
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Lupi só foi avisado sobre a nomeação de Waller Junior posteriormente por Gleisi em uma conversa no Palácio do Planalto, num sinal de desprestígio.
No mesmo dia, mais cedo, a ministra da articulação política havia anunciado em entrevista à GloboNews que Lula chamaria para si a responsabilidade de escolher o novo presidente do INSS.
Para atenuar os efeitos da intervenção, Gleisi destacou na mesma entrevista que não tinha motivo para Lupi ser afastado porque não havia nada contra ele nos inquéritos.
Dentro do governo também foi avaliado que, ao participar de uma audiência na Comissão de Previdência da Câmara na terça-feira, Lupi não conseguiu apresentar planos efetivos para sanear os problemas da pasta e encerrar a crise.
Antes, o ministro já havia se desgastado ao defender, no dia em que a operação foi deflagrada, a permanência do presidente do INSS, Alessandro Stefanuto. No mesmo dia, Lula mandou demitir o chefe da autarquia,.
Durante esta semana, Gleisi iniciou conversas com o PDT para controlar o descontentamento do partido. Havia ameaças de rompimento com o governo caso o ministro fosse demitido.
Em seguida, com os sinais dados por Lupi de que estava decidido a pedir demissão, a ministra da articulação política sondou a aceitação ao nome do então secretário-executivo Wolney Queiroz. Gleisi participou da reunião que selou a saída do ministro da Previdência na tarde desta sexta-feira.
De acordo com auxiliares de Lula, o objetivo agora é encerrar a crise e tentar mostrar que o governo está fazendo algo, seja pelas investigações e ou pela troca do ministro.