IOF: Haddad reclama de críticas, e Lula faz defesa de ministro em meio a fogo cruzado no Congresso
Ministro diz que, apesar de 'sofrimento', servir ao governo é 'interessante'
Em meio à crise interna no governo provocada pelo decreto que eleva o IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desabafou nesta quinta-feira (29). Durante cerimônia de criação do Assentamento Maila Sabrina, no Paraná, com a presença de militantes do MST, Haddad reconheceu as pressões do cargo e disse que servir ao governo Lula é “interessante”, mesmo com os desgastes.
— Servir ao governo do presidente Lula é sempre uma coisa interessante. Por mais que você sofra, com o tanto que você é criticado, que você é isso, que você é aquilo, tem o dia de hoje para apagar todo o sofrimento e a gente celebrar a vida de vocês — disse Haddad, ao celebrar as entregas do Programa Terra da Gente em Ortigueira (PR).
No evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um afago ao ministro da Fazenda, afirmando que ele "é parte dos responsáveis pelo sucesso" na criação do assentamento.
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— Quando a gente tem gente competente para sentar numa mesa e fazer negociação, a gente consegue muitas coisas nesse país. Messias (Jorge Messias, ministro-chefe da AGU) e Haddad estão de parabéns por isso — completou o chefe do Executivo.
Haddad é criticado dentro e fora do governo pelo aumento do IOF. No mesmo dia em que o decreto foi publicado, no último dia 22, a equipe do ministro recuou em parte da decisão, voltando atrás especificamente nas medidas de aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior.
Agora, o Congresso pede a revogação do restante da medida em um projeto de decreto legislativo (PDL), que ainda não foi colocado em votação. Segundo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tanto ele quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), poderiam ter colocado o projeto para ser votado, mas decidiram esperar por uma solução negociada.
— Tanto eu como o presidente Davi poderíamos ontem ter pautado o PDL. Com certeza teria sido aprovado aqui e no Senado, mas nós não fizemos isso porque queremos construir a solução com o governo. Não há interesse do Poder Legislativo em tocar fogo no país.
Nesta quinta, o presidente da Câmara avisou que, se o governo não apresentar uma alternativa ao decreto, o Legislativo poderá derrubá-lo. Ele deu dez dias para a equipe econômica de Lula dar uma solução.
Os parlamentares têm mais de duas dezenas de projetos para derrubar o decreto. Motta disse que deve abrir um grupo de trabalho para discutir isenções fiscais, e sugeriu como alternativa à alta do imposto medidas como corte de isenções fiscais e a reforma istrativa.