Latam diz que já atendeu 95% dos 100 mil ageiros da Voe que tinham viagens até agosto
Latam anunciou lucro de US$ 355 milhões no primeiro trimestre, alta de mais de 37% na comparação anual
O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, disse que pelo menos 95% dos ageiros da Voe, que tinha uma parceira com a empresa, já foram atendidos. Segundo Cadier, eram 100 mil ageiros, que tinham viagens marcadas até julho ou agosto deste ano, e tiveram reembolso da agem integralmente ou a viagem foi feita com empresas, como Gol ou Azul. Ou quando o destino da viagem era próximo, o trecho acabou sendo feito por ônibus, disse o CEO.
— A gente cuidou dos ageiros como deveria cuidar e agora espera a recuperação judicial da Voe e um processo de arbitragem entre Voe e Latam — disse Cadier durante apresentação dos resultados do primeiro trimestre da Latam, em que a companhia, com sede no Chile, obteve lucro líquido atribuído aos acionistas de US$ 355 milhões, alta de 37,6% na comparação anual. O resultado, segundo a empresa, se deu pela forte demanda por transporte aéreo na região.
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A Voe, que tinha uma parceria comercial com a Latam, inclusive dividindo rotas, desde 2014, entrou com pedido de recuperação judicial no último dia 23 de abril e acusou a Latam de ser a principal responsável por sua situação financeira. Desde março, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que fiscaliza o setor aéreo, suspendeu as operações da Voe após apontar uma série de irregularidades e falta de segurança.
Cadier afirmou que o término da parceria se deu após o acidente de um ATR da Voe, em Vinhedo, em agosto do ano ado, quando 62 pessoas morreram. Ele disse que a cassação do certificado da Voe para operar foi mais um fator para o término da parceria.
— No pedido de recuperação judicial, a Voe responsabilizou a Latam, mas essa afirmação não tem nenhum fundamento. A situação financeira da Voe é de responsabilidade da empresa, que na década ada já tinha requerido um pedido de recuperação judicial. Nada tem a ver com a parceria comercial uma situação dessa gravidade — explicou o CEO da Latam Brasil.
Cadier disse que, por enquanto, o crescimento da Latam se dará pelas rotas que a companhia opera com suas aeronaves da família 320. Mas a empresa vê potencial de crescimento no mercado regional brasileiro, já que a ideia da Voe era chegar em cidades menores.
— Nenhum decisão de comprar uma frota diferente da A320 será tomada no curto prazo. O potencial de crescimento para a empresa vai sair do mercado onde já operamos os A320 — disse.
A receita total da Latam no trimestre chegou a US$ 3,4 bilhões, alta de 2,7% na compração com o mesmo trimestre de 2024. Cadier disse os resultados do primeiro trimestre de 2025 foram recorde, refletindo o trabalho dos últimos anos, como decisões focadas no cliente, operação eficiente e boa estrutura de capital.
No trimestre, o grupo transportou quase 21 milhões de ageiros, um aumento de 3,6% em relação ao mesmo período do ano ado.
A empresa encerrou o trimestre com uma frota de 348 aeronaves e a previsão é fechar o ano com 371 aviões.
A empresa espera que sua oferta global de assentos salte entre 7,5% e 9,5% em 2025 na comparação com 2024. Já no mercado brasileiro a perspectiva é de uma alta entre 7% e 9% na oferta de assentos. A estimativa anterior era alta de 6% a 8%. Já a receita deve ficar entre US$ 13,8 bilhões e US$ 14,2 bilhões — frente a uma estimativa anterior de receita entre US$ 14 bilhões e US$ 14,5 bilhões.
Gol X Azul
Sobre uma possível combinação de negócios entre Gol e Azul, principais concorrentes da Latam no mercado brasileiro, Cadier disse que é difícil comentar, já que até agora foi assinado apenas um memorando de intenções, que é vago e pouco preciso.
— Estamos esperando um próximo o junto ao Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade, órgão da concorrência) para entender melhor a combinação de negócios — disse.
Tarifas de Trump
O diretor financeiro da Latam, Ricardo Bottas, afirmou que as mudanças impostas pelo novo governo dos EUA, com imposição de tarifas no comércio internacional, por enquanto só teve efeito nos voos domésticos dos EUA. Nos voos da América do Sul para outros destinos ou internamente não foi percebido impacto relevante, que fizesse a Latam revisar sua projeção de crescimento. Mesmo assim, há um componente de incerteza com as mudanças tarifárias nos EUA.
— É sempre importante olhar o que pode acontecer. Mas na América do Sul não há nada que indique mudança forte como houve a mudança doméstica nos voos dos EUA. Também observamos um potencial aumento de custos, mas mantemos nossa projeção de investimentos totais para este ano de US$ 1,4 bilhão na região, para crescimento e manutenção, além do recebimento de 26 aviões. Há dúvidas sobre quais as tarifas que devem permanecer. Mas acreditamos na nossa capacidade e bom relacionamento com fornecedores para minimizar potenciais impactos do aumento das tarifas — disse Bottas.