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BRASIL

Liberação do FGTS do saque-aniversário não terá impacto sobre financiamento imobiliário, diz Caixa

Carlos Vieira afirmou que recursos já estavam provisionados porque trabalhadores já haviam sido demitidos

A liberação de R$ 12 bilhões do FGTS para trabalhadores demitidos que aderiram ao saque-aniversário, mas não conseguiram ar os recursos após fazerem essa opção, não terá impacto sobre o financiamento imobiliário. A informação é do presidente da Caixa, Carlos Vieira, instituição que operacionaliza os recursos do fundo de garantia.

Ele disse que o orçamento para uso dos recursos do FGTS, este ano, já foi aprovado pelo Conselho Curador e deve ser divulgado após o Carnaval. Entidades do setor imobiliário criticaram a decisão do governo afimando que haverá prejuízo ao financiamento imobiliário.

— Esses valores já estavam provisionados porque as pessoas já tinham sido demitidas. Do ponto de vista contábil, esses recursos não seriam usados para financiamento imobiliário — afirmou Vieira, que disse que a Caixa adota os posicionamentos do governo em políticas públicas e é agente ivo.

E complementou:

— O saque aniversário tem um papel que é indutor do consumo e surgiu com esse propósito, mas tem uma subtração de valores que estavam destinados à construção civil.

O crédito do FGTS vai ser feito direto na conta bancária cadastrada pelas pessoas. Isso corresponde a 85% dos beneficiados. Para quem não tem conta cadastrada, será preciso ir a uma agência bancária dentro de um calendário que será estabelecido pela Caixa, explicou Rodrigo Hori, agente operador da Caixa.

A liberação dos recursos do FGTS é uma tentativa do governo de estimular o consumo em um momento de baixa popularidade do presidente Lula, e num cenário de crescimento econômico mais moderado. Mas analistas afirmam que injetar recursos na economia acaba pressionando ainda mais a inflação, num momento em que o Banco Central já está elevando os juros para esfriar o consumo. Portanto, dizem, a decisão do governo vai na direção contrária a esse objetivo.

Os recursos do FGTS são uma das principais fontes de financiamento imobiliário no país e entidades do setor como a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) criticaram a decisão do governo afirmando que a medida pode colocar o financiamento imobiliário em risco, já que a liberação para o consumo desvirtua o uso original do FGTS.

Novas fontes de financiamento
Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa, disse que continuam as discussões com o governo sobre novas fontes de financiamento para o setor imobiliário, que depende do FGTS e dos recursos da poupança através do Sistema Brasileiro de Poupança e Emp´restimo (SBPE).

Ela afirmou que entre as alternativas em pauta estão a mudança do compulsório (percentual que os bancos devem recolher de depósitos no Banco Central), além dos prazos de vencimento das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), atualmente de 9 meses.

Magalhães afirmou também está sendo estudada a possibilidade de criação de um papel no mercado de capitais para os fundos de pensão investirem e financiarem o setor imobiliário.

— O Brasil é um dos únicos países em que os fundos de pensão não são investidores institucionais do setor imobiliário — afirmou.

Caixa teve lucro de R$ 14 bilhões, alta de quase 32%
A Caixa reportou um lucro líquido recorrente de R$ 14 bilhões em 2024, crescimento de 31,9% em relação a 2023. No quarto trimestre, o banco lucrou R$ 4,6 bilhões. A carteira de crédito da instituição atingiu saldo total de R$ 1,2 trilhão em dezembro do ano ado, crescimento de 10,4% em relação a dezembro de 2023.

A originação de crédito totalizou R$ 614,9 bilhões ano ado, alta de 12,7% em relação a 2023 — sendo R$ 149 bilhões apenas no último trimesgre do ano. A inadimplência ficou em 1,97% no último mês do ano ado, queda de 0,18 ponto percentual sobre o mesmo mês de 2023.

O saldo da carteira imobiliária ficou em R$ 832,1 bilhões, alta de 13,5% em relação a dezembro de 2023. A Caixa tem participação de 67,2% no mercado de crédito imobiliário do país, sendo o maior agente desse segmento. O presidente do banco, Carlos Vieira, disse que o crédito imobiliário cresceu porque houve incremento da massa salarial do país com redução do desemprego.

Apenas no ano ado, as contratações de crédito imobiliário somaram R$ 223,6 bilhões, alta de 20,6% em relação a 2023, marcando recorde de contratações. Só no quarto trimestre, foram R$ 47,2 bilhões em crédito imobiliário.

No ano ado, foram financiados 803,4 mil imóveis, crescimento de 15,7% em 12 meses. Foram, segundo a Caixa, 3,2 de pessoas com o à moradia. Só no Minha Casa Minha Vida, a participação da Caixa é de 99%.

Caixa investe em tecnologia
O presidente da Caixa afirmou que está trazendo a cultura digital para o ambiente do banco. No ano ado, foram investidos R$ 2,2 bilhões em tecnologia da informação. Ele diz que o uso da biometria foi um 'divisor de águas' na instituição evitando, por exemplo, que pessoas tenham que se deslocar para renovar a senha de seu benefício do Bolsa Família.

— Isso reduz o deslocamento para a pessoa que precisa renovar a senha para receber o Bolsa Família. Podemos ser um banco social com alta tecnologia envolvida nesse processo. A aprovação do cartão de crédito que levava três dias, agora leva cinco minutos. E o objetivo é eliminar o uso de papel, até o final deste ano, nos processos de financiamento imobiliário — disse Vieira durante apresentação de resultados do banco.

Ele afirmou que o processo digital está 'apenas no começo' e que essa transformação digital já está chegando à população mais carente do país. No caso do microcrédito, por exemplo, os agentes agora usam tablets e podem fechar as operações onde está o cliente. Vieira lembrou que o aumento do uso da tecnologia também melhora a governança das empresas.

Apesar do avanço da digitalização, a cvaixa não pretende reduzir o número de agências físicas. Carlos Vieira disse que a lógica da Caixa é diferente dos demais bancos que reduziram agências físicas para reduzir custos. O presidente do banco disse que foi feito um estudo e que a cada a100 mil habitantes tem que ter uma agência da Caixa.

— Não fecharamos agências. Vamos fazer um remanejamento de unidades onde tem haja três ou quatro agências para outros locais do país. A Caixa tem características diferentes dos outros bancos. Vamos ter um saldo positivo na verdade e crescer entre 50 e 60 agências — afirmou.

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