Polo têxtil do Agreste não consegue aproveitar janela aberta por tarifaço dos EUA
No Polo Têxtil do Agreste, as indústrias de lingerie, moda praia e jeans seriam, tecnicamente, aquelas com maior potencial para internacionalização
O aumento das tarifas americanas sobre produtos chineses, anunciado por Donald Trump, abre uma janela de oportunidade para exportadores de vestuário brasileiros. Com os preços da China menos competitivos e o Brasil contemplado com tarifas mais baixas, abre-se oportunidade para que empresas nacionais possam conquistar mais espaço no mercado americano. No entanto, o polo têxtil do Agreste de Pernambuco ainda não está estruturado para aproveitar esse momento.
Empresários da região item que falta cultura exportadora e infraestrutura adequada. Casos pontuais de envio de produtos para Cuba, Ruanda e EUA no ado não se consolidaram. A ausência de padronização, dificuldade com normas técnicas internacionais e falta de consultoria especializada travam o avanço das exportações. “Precisaríamos ajustar modelagem, investir em design e entender o padrão de consumo lá fora”, afirma José Gomes Filho, o Meninho, dono da indústria têxtil Joggofi.
Menininho diz que, no Agreste, industrias de lingerie, moda praia e jeans, que contam com máquinas mais modernas e mais tecnologia no processo, seriam tecnicamente aquelas com maior potencial para internacionalização, embora ainda careçam de investimento em design e constância no fornecimento de matéria-prima.
Em paralelo, a escassez de mão de obra virou gargalo. A combinação de aposentadoria com benefícios sociais em um mesmo núcleo familiar, muitas vezes, desestimula a busca por emprego, um problema apontado por esta coluna diversas vezes.
Sem uma política pública consistente voltada para qualificação e formalização, o polo de confecção nordestino continuará perdendo espaço, como ocorre agora. O potencial existe — o que falta é são políticas de estimulo à profissionalização, organização e planejamento de longo prazo.
Empresários do Agreste pernambucano apontam que além da concorrência interna entre polos como o Brás (SP), Fortaleza (CE) e Goiânia (GO), ainda enfrentam deslealdade por parte de fornecedores que não garantem regularidade na entrega de matéria-prima. A oscilação na qualidade dos tecidos impacta diretamente a produtividade e a fidelização dos clientes.
Ranking Abras
Das cinquenta maiores empresas do varejo alimentar brasileiro, apenas quatro têm sede no Nordeste. A constatação é do Ranking Abras 2025, divulgado nesta semana pela Associação Brasileira de Supermercados. O dado revela a distância entre o peso demográfico da região — que concentra mais de um quarto da população brasileira — e sua participação entre os principais grupos supermercadistas do país. São Paulo responde por 19 empresas entre as 50 maiores; o Sul do país, por 10; e Minas Gerais, por outras 8.
As líderes do varejo do NE
As empresas nordestinas presentes no topo da lista são: Mateus Supermercados S.A, com sede no Maranhão; Novo Atacarejo Com. de Alimentos, de Pernambuco; Atakarejo Distribuidor de Alimentos e Bebidas S.A, da Bahia; e o Supermercado Nordestão Ltda., do Rio Grande do Norte. Juntas, elas somaram R$ 49,6 bilhões em faturamento em 2024.
Economia circular no WCEF 2025
Suape será destaque nas Sessões de Aceleração do World Circular Economy Forum (WCEF 2025), maior evento global sobre economia circular, que acontece de 13 a 16 de maio, em São Paulo. No dia 15, na Arena B3, o complexo portuário pernambucano apresentará projetos em hidrogênio verde, e-metanol, biocombustíveis e economia circular.
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