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BRASIL

Tinder cria linha direta para mulheres denunciarem violência e alerta para 'golpe do restaurante'

App de encontros firmou parceria com a ONG Justiceiras para criar canal de acolhimento

Em parceria com a ONG Justiceiras, o Tinder anunciou nesta terça-feira um novo recurso de segurança específico para o Brasil. A partir da próxima semana, o aplicativo de relacionamentos vai contar com um canal exclusivo para acolhimento de mulheres, com funcionamento durante 24 horas, para auxiliá-las em casos de abusos, assédio ou qualquer tipo de violência de gênero.

Um novo botão no aplicativo será criado para que os usuários possam ar o recurso, Por meio da linha direta, a equipe da Justiceiras vai intermediar o contato da vítima com canais oficiais de denúncia. Uma equipe multidisciplinar dará o apoio jurídico e psicológico para mulheres em situação de violência.

Presente no país há doze anos, o Tinder tem no Brasil o seu terceiro principal mercado global. Desde 2021, a ferramenta conta, no país, com um centro de segurança dedicado. Segundo Yoel Roth, vice-presidente de Segurança e Privacidade do Match Group, a parceria com a ONG Justiceiras já existe há alguns anos e tem ajudado o app a adaptar os recursos de segurança à realidade brasileira

— A linha direta c oferece justamente um ponto único de apoio, com orientações claras e acolhimento. Isso inclui desde informações sobre como fazer denúncias formais à polícia e ao Tinder até e em saúde mental — explicou Roth, em conversa com jornalistas. — Minha esperança é que ninguém precise usar esse canal.

A parceria do Justiceiras com o Tinder inclui o lançamento do “Guia de Segurança em Dates”, desenvolvido com a consultoria da ONG. O objetivo é apresentar de forma ível os recursos de segurança do app. Uma pesquisa interna da ferramenta mostrou que apenas 27% das usuárias brasileiras conhecem os recursos de segurança do app.

‘Golpe do restaurante’ no Brasil
Na apresentação, Roth ressaltou que o Tinder conta com cerca de 20 ferramentas anti-abuso, incluindo o botão de emergência, detecção automática de linguagem ofensiva e alertas de segurança durante conversas suspeitas, além da ferramenta “Isso te incomoda?",, que incentiva usuários a denunciarem mensagens inapropriadas.

O executivo também revelou quais são os golpes abrasileirados que o Tinder tem monitorado. Um deles é o “golpe do restaurante”. Funciona assim: depois de trocar mensagens pelo aplicativo de relacionamentos, o usuário marca um jantar com alguém que conheceu na ferramenta. No restaurante, o suposto par romântico escolhe os pratos e drinks mais caros. Ao fim da refeição, alega que vai ao banheiro — e simplesmente desaparece, deixando a vítima com toda a conta.

Como parte do esquema, uma parcela do valor da conta é reada pelo dono do restaurante, cúmplice no esquema, ao golpista. A trama parece tem deixado vítimas entre usuários brasileiros do app de encontros e chamado a atenção dos executivos globais do Tinder, segundo Yoel Roth, vice-presidente de Segurança e Privacidade do Match Group, empresa dona da ferramenta.

— Tudo se baseia numa relação fraudulenta entre o golpista e o restaurante. — diz Roth, que explica que as vítimas, especialmente homens, costumam sentir constrangimento ao relatar o problema. — Esse sentimento é natural, mas precisamos que essas pessoas façam os relatos para nós e também para a polícia. O ideal é excluir o golpista do Tinder e responsabilizar criminalmente os restaurantes envolvidos, mas isso só é possível se as denúncias forem feitas.

Coalizão contra 'golpe do amor'
O executivo citou ainda que outro golpe comum no Brasil envolve um tipo de estelionato baseado em intimidação. Nesse caso, após um encontro aparentemente inofensivo, a vítima a a receber mensagens no WhatsApp de um número desconhecido. O interlocutor se apresenta como namorado ou marido da pessoa com quem o usuário saiu, e a a ameaçar a vítima.

— É um tipo de golpe que se aproveita do medo das pessoas quanto à própria segurança física, e é um risco específico que identificamos no Brasil, no qual temos focado.

Para enfrentar golpes mais sofisticados, como os que envolvem transferências bancárias e estelionatários que simulam envolvimento amoroso com a vítima (conhecidos como "golpe do amor"), o Tinder tem integrado uma coalizão global ao lado de empresas como Meta e Coinbase.

A iniciativa, chamada Tech Against Scams Coalition, permite o compartilhamento de informações entre plataformas de relacionamentos, redes sociais e serviços financeiros para identificar e desmantelar esquemas fraudulentos que ultraam os limites de cada aplicativo.

— O golpista geralmente tenta migrar a conversa o mais rápido possível para outro app, como o WhatsApp ou o Instagram, porque sabe que moderamos ativamente os chats dentro do Tinder — explicou Roth. — Por isso, unimos forças com outras empresas para rastrear esses golpes em toda a cadeia.

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