Porto do Recife: estratégico e lucrativo
Um total de 1.740.652 toneladas aram pelo Porto em 2024. Em relação ao crescimento financeiro, o avanço foi de 58,43%
Com uma história que se confunde com a da capital pernambucana, o Porto do Recife - que surgiu como um ancoradouro denominado de ‘Arrecife dos Navios’ - se destaca como um dos principais do Nordeste. Operando comercialmente desde 1918, o local é fundamental para a logística do Estado de Pernambuco.
Localizado estrategicamente no centro do Recife, o que permite um fácil o para os principais pontos comerciais da Região Metropolitana do Recife (RMR), o Porto é responsável por atender navios de longo curso e cabotagem para importação e exportação de cargas nacionais e estrangeiras, além de possuir estrutura para receber navios de cruzeiro e um Terminal Marítimo de ageiros.
IMPACTO
Durante o biênio 2023/2024, o Porto do Recife registrou um avanço significativo na movimentação de cargas. No comparativo com o ano de 2022, a alta foi de 52,16%.
No total, cerca de 1.740.652 toneladas aram pelo Porto no último ano. Já com relação ao crescimento financeiro, o avanço foi de 58,43% durante o mesmo biênio, atingindo uma receita de R$ 48,6 milhões no ano de 2024.
Para conquistar o resultado expressivo, algumas medidas voltadas ao equilíbrio fiscal e financeiro, aliadas às ações comerciais, melhoria na infraestrutura e eficiência operacional e logística foram adotadas pela gestão do Porto do Recife.
Na visão do presidente do Porto do Recife, Delmiro Gouveia, a construção de metas e a adoção do trabalho especializado contribuíram para o avanço obtido durante o último biênio.
“Implementamos profissionais técnicos e estipulamos metas nos diversos setores. O Porto ou a tomar decisões com base no mercado, buscando entender seus principais gargalos, suas características, profissionalizando a istração. Em consequência, atingimos o superávit logo no primeiro ano e liquidamos, no segundo ano, todo ivo fiscal, demonstrando a plena viabilidade deste importante instrumento de desenvolvimento econômico”, afirma.
Além da tomada de decisões estratégicas, Delmiro também destaca as ações para diversificação das operações do local, incluindo a atração de novos empreendimentos.
“A área Comercial do Porto do Recife, por meio de sua Coordenadoria de Negócios, tem atuado na prospecção de novos negócios visando não só a captação de novas cargas, como também a atração de novos empreendimentos voltados às áreas disponibilizadas no atual Plano de Desenvolvimento do Porto do Recife – PDZ, para atividades operacionais e não operacionais”, observa.
Para ele, as ações foram essenciais para a retomada da posição de destaque do Porto do Recife no cenário portuário nacional. “Por todas as vantagens estratégicas, logísticas e operacionais que possui, em face da sua privilegiada posição geográfica em relação às principais rotas comerciais marítimas, bem como em relação às conexões rodoviárias com os demais estados da região”, completa.

MOVIMENTAÇÃO
Com papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de Pernambuco, o Porto do Recife é responsável por quase todo o escoamento da produção para exportação do setor sucroalcooleiro, um dos principais da economia pernambucana.
Conectado ao segmento desde a sua fundação, o Porto do Recife espera uma manutenção no crescimento das exportações relacionadas ao açúcar durante este ano de 2025.
Para Delmiro Gouveia, o fato será relacionado à demanda para atender às cotas internacionais, oscilações cambiais de mercado e eventuais interferências na produção devido a fatores climáticos.
“Atrelada ao setor canavieiro, notamos o crescente aumento na movimentação de fertilizantes, tão importante para a fruticultura presente no Vale do São Francisco. Não obstante, é através do Porto do Recife o recebimento de todo malte de cevada que atende o polo cervejeiro”, completa Delmiro.
Além do açúcar, malte de cevada e fertilizantes, outras cargas como barrilha e bobinas de aço também se destacam pela grande movimentação. Para atender a demanda existente, o Porto do Recife realiza atualmente a requalificação do Cais 01, que deverá ser seguida pelas obras no Cais 00.
“O Porto do Recife tem se mantido atento ao mercado internacional no que tange às tendências voltadas às operações portuárias e movimentações de cargas, implementação de sistemas avançados de controle operacional e logístico e captação de novos negócios. Esperamos melhor qualificar a infraestrutura portuária atendendo as demandas internacionais de mercado”, afirma o presidente do ancoradouro.
CAPACIDADE
Atualmente, o Porto do Recife está preparado para receber até oito navios, simultaneamente, em seus berços de atracação. Com uma área de 114 mil m2 disponíveis para armazenagem de cargas diversas, o local é dividido por armazéns cobertos, com capacidade de abrigar aproximadamente 60 mil toneladas, pátios de contêineres, capazes de receber 6 mil TEUS, além de pátios para cargas diversas, somando uma capacidade adicional de 50 mil toneladas.
A estrutura também é composta por diversos silos portuários capazes de armazenar 25 mil toneladas de grãos cada. Atualmente, o Porto do Recife pode receber navios de até 11,20 metros de calado.
A perspectiva é de que essa capacidade seja aumentada com a obra de dragagem a ser realizada no local. Segundo o presidente do Porto, todas as ações burocráticas necessárias para recebimento da verba, que virá por meio de um ree federal, já foram tomadas.
“Por estar submetido à foz dos rios Capibaribe e Beberibe, uma maior atenção deve ser dispensada à dragagem e sua manutenção. Acreditamos que, com os recursos advindos do PAC, o Porto do Recife entrará na rota de novas cargas comerciais, impulsionando-o definitivamente”, comenta Delmiro.
CONCESSÕES
Recentemente, algumas áreas do Porto do Recife foram concedidas para a iniciativa privada. O processo, que faz parte do projeto de expansão das atividades do local, deverá trazer importantes benefícios financeiros.
Para tal, a perspectiva é de aumento não apenas na movimentação de cargas, como também de avanço na arrecadação de impostos e consequente geração de emprego e renda em todo o estado de Pernambuco.
Na opinião do presidente do Porto, o sucesso registrado durante o processo de concessão de leilão de três áreas no ancoradouro reflete o crescente interesse do mercado no local.
“Os investimentos e projetos, em fase de implementação nas referidas áreas, pressupõem aumento de movimentação e receita, geração de empregos, incremento na arrecadação fiscal para o Estado e município, além de consolidar cada vez mais o Porto do Recife como importante “player” no cenário logístico e econômico do Nordeste”, avalia Delmiro.
Entre as áreas concedidas, um dos destaques é a “REC 10”, que foi arrematada pela empresa NATRIO/SCS Armazéns Gerais Ltda., em recente Leilão realizado na B3. O local corresponde à área destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos e carga geral.
“Consolida o projeto de expansão das atividades e crescimento de movimentação de barrilha e outros produtos destinados à indústria química, com consequentes reflexos na movimentação de mercadorias”, comenta o presidente do Porto.

SUSTENTABILIDADE
De olho no futuro, o Porto do Recife também se preocupa com a adoção de tecnologias verdes capazes de tornar o ancoradouro mais sustentável.
“Atualmente, as operações do Porto do Recife, com relação aos aspectos de sustentabilidade ambiental, são auditadas bianualmente por empresa especializada e credenciada junto ao Ministério do Meio Ambiente - MMA”, informa Delmiro.
Até os próximos anos, o funcionamento do local continuará a ser guiado pelo Planejamento Estratégico Porto do Recife 2030, que é composto por diversas ações para tornar as operações mais sustentáveis.
Para tal, deverão ser adotadas tecnologias verdes, descarbonização das operações dos navios ancorados, implementação do Sistema de Gestão Integrada (SGI) e preparação para obtenção da ISO série 9.001/2015, 14.001/2015 e 45.001/2018.
“O Porto do Recife está alinhado às Políticas de Sustentabilidade Ambiental definidas pelo estado de Pernambuco e pelo Ministério de Portos e Aeroportos, sobretudo quanto ao processo de descarbonização de atividades portuárias e uso preferencial de energias renováveis. Recentemente, aderimos ao protocolo de descabornização de portos, firmado no ano de 2024 junto à Aliança Brasileira para Descarbonização de Portos”, ressalta Gouveia.