Conselheiro do Náutico explica posicionamento sobre processo contra o Executivo
Paulo Monteiro, autor do requerimento, considerou que a mensagem do clube sobre democracia foi de cunho político
O conselheiro do Náutico, Paulo Monteiro, que protocolou na última terça-feira (13) um processo istrativo contra o Executivo do clube por conta de uma postagem nas redes sociais em que o Timbu se posiciona a favor da democracia, conversou nesta quinta-feira (15) com a Folha de Pernambuco. Ele explicou os motivos que levaram ao requerimento, reforçando a opinião de que houve mensagem de “cunho político” por parte da instituição - ferindo o artigo 65 do Regimento Interno do clube (RGI) -, além de ressaltar que a ação protocolada leva em consideração outras possíveis irregularidades por parte da atual gestão do Timbu.
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“O país vive uma polarização partidária absurda, com pessoas idolatrando cidadãos de um lado e de outro. Elas não aceitam respostas antagônicas ou contraditórias. Esse não é meu caso. Tenho minhas convicções morais, éticas, políticas e religiosas, mas não faço posicionamentos políticos”, iniciou.
“Não sou filiado a qualquer partido. Tenho amigos de esquerda e de direita, mas não estou preso a qualquer um dos lados. Querem dizer como se eu fosse contra a democracia, mas não é isso. Você tem uma pluralidade dentro do clube, com pessoas de posições políticas diferentes, mas não se pode usar o Náutico para se posicionar institucionalmente”, continuou.
“Se colocassem algo como ‘Anistia já’, por exemplo, que um outro grupo defende, eu teria o mesmo posicionamento. A questão não é a mensagem em si, mas sim o canal em que você quer se expressar. Sei que outros clubes fizeram isso, mas o nosso estatuto não permite. O meu partido é o Clube Náutico Capibaribe”, finalizou.
Pedido
O conselheiro também comentou sobre a nota assinada por 25 conselheiros, dentre eles o ex-presidente do Náutico, Diógenes Braga, pedindo o arquivamento do processo contra o Executivo, apontando que a postagem feita nas redes sociais “não tem caráter político, não podendo se concluir que homenagear a democracia possa ferir o Estatuto Social ou o Regimento Interno do Náutico”.
Monteiro citou outros requerimentos que foram feitos contra o Executivo, como questões relacionadas aos esportes olímpicos, interdição de áreas de lazer, manutenção patrimonial, ausência de posicionamento do presidente em assuntos fora do futebol, dentre outros.
“Essa nota é política. Nesse grupo, eu sei que há pessoas que querem ser candidatas na eleição (presidencial) do final do ano. Eu não tenho essa pretensão. Eles alegam que o Executivo vai focar no tema da postagem, por ser polêmico, para que não haja advertência nos outros descumprimentos. Não entendo dessa forma. São muitos problemas. Para retirar essa ação, eu teria de ser procurado e, se eu for, vou dizer que manterei esse requerimento e de todos os outros”.
Pronunciamento
Em nota, o presidente do Náutico se posicionou oficialmente sobre a ação contra o Executivo. Confira abaixo.
Torcida alvirrubra, já é do conhecimento de todos vocês, pela ampla repercussão na mídia e redes sociais, a recente polêmica envolvendo a iniciativa de um conselheiro que reagiu à postagem, nas nossas redes sociais, de conteúdo enaltecendo a democracia, no dia 1º de abril de 2025. Não pretendo aqui debater mais o mérito deste assunto, inclusive recebemos imediato e amplo apoio ao gesto do clube, que não foi inédito nem isolado. Também registro a atitude de alguns conselheiros, que buscam reverter a instauração de processo istrativo contra a presidência executiva.
Como já disse em entrevistas, estou absolutamente tranquilo. O que me preocupa, de fato, é observar essa tentativa divisionista de instalar falsas crises, distantes das prioridades do clube, combatendo a própria instituição que deveríamos, todos, defender. É notório que enfrentamos desafios imensos e precisamos da força de todos para superá-los, recolocando o clube no patamar que merece, com perspectiva de futuro. Basta citar dois exemplos: o o à Série B e a SAF. Eis o que deveria mobilizar a nação alvirrubra, envolvendo cada um que torce pelo Clube Náutico Capibaribe.
Antecipar disputas que não sejam ligadas à luta em campo ou à viabilização de um novo modelo de gestão é um desserviço ao clube. Quem perde é o Náutico. E a nossa maior luta é justamente por vitórias. É preciso ter bom senso e unidade para, sem prejuízo das discussões, dos esclarecimentos, do respeito às diferenças, dar valor ao que é maior do que tudo: o nosso clube.
A torcida está chegando junto, queremos e acreditamos que vamos virar a chave, consolidando nossas principais metas. Estarei sempre à postos para cumprir o compromisso que assumi, valorizar nosso centenário clube, derrotar injustiças ou atitudes inconsequentes. Não serei omisso frente a ataques descabidos, mas será uma demonstração de maturidade e amor ao clube se, neste momento, todas as energias forem canalizadas para o caminho da união que faz a força.
De nossa parte, não faltará esforço, dedicação, escuta, atenção às críticas construtivas, para acertar sempre mais. Esperamos que esta venha a ser a postura de todos alvirrubros, que saberão a hora certa de pensar em outros embates, que não sejam os realmente urgentes: vencer os adversários e as dificuldades.
Assim seremos agentes do o, fazendo o Náutico subir e se preparar, com a SAF, para um tempo novo. Na hora oportuna, exerceremos nosso democrático direito de escolher quem estará à frente dos próximos os. Pensando no agora, no objetivo imediato, nosso propósito é de que sejamos todos nós.
Bruno Becker