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SAÚDE

Bronquiolite: quem poderá tomar a nova vacina no SUS?

Ministério da Saúde anunciou nesta semana decisão de incluir na rede pública o imunizante para o VSR, principal causa de bronquiolite infantil

O Ministério da Saúde anunciou nesta semana a incorporação da nova vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causa de bronquiolite infantil, no Sistema Único de Saúde (SUS). A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, pequenas vias aéreas nos pulmões que ligam os brônquios aos alvéolos.

O imunizante incorporado é o Abrysvo, da Pfizer, que será incluído no Calendário Nacional de Vacinação da Gestante do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Em dose única, ele é destinada às gestantes de até 49 anos e pode ser aplicada durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez. O objetivo é que a mãe desenvolva os anticorpos e os transfira para o bebê ao longo da gestação, protegendo dessa forma os recém-nascidos.

 

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) já recomendam a vacina, disponível na rede privada, como rotina entre a 32ª e a 36ª semana de gravidez. No mercado privado, o valor da dose é de até R$ 1.692,54, segundo determinação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O Ministério da Saúde ainda não especificou a partir de quando a vacina estará disponível no PNI e se o período da gestação indicado na rede pública será o mesmo sugerido pelas entidades médicas. Mas disse que a expectativa é beneficiar cerca de 2 milhões de nascidos vivos ao ano e prevenir aproximadamente 28 mil internações anuais.

Nos estudos clínicos de fase 3, a vacinação com a Abrysvo reduziu em 81,8% os casos de doença do trato respiratório inferior (DTRI) grave nos primeiros três meses de vida do bebê, e em 69,4% seis meses após o nascimento.

Na América Latina, a Argentina e o Uruguai também incorporaram a vacina nas suas redes públicas. Além disso, a Pfizer firmou um acordo internacional com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para que a dose seja oferecida aos Estados membros da entidade por meio do Fundo Rotativo para o a Vacinas.

Para a pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a incorporação da vacina ao SUS representa “um grande ganho para a saúde das crianças brasileiras”:

— Os pediatras estão comemorando com muita alegria. Vai dar uma proteção nos primeiros seis meses de vida para o bebê, que é justamente a fase em que o vírus costuma ser mais grave, podendo causar internação, necessidade de oxigenação e até o óbito. A vacinação vai reduzir muito a carga da doença, assim como o impacto que isso causa na família, porque a criança doente gera uma alteração na dinâmica familiar.

Impacto do VSR
O Ministério da Saúde estima que uma em cada cinco crianças infectadas pelo VSR necessite de atendimento ambulatorial, enquanto uma em cada 50 seja hospitalizada no primeiro ano de vida.

De acordo com dados do projeto Infogripe, da Fiocruz, consultados pelo GLOBO, apenas em 2024 o Brasil registrou 83,6 mil casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) com resultado laboratorial confirmado para algum vírus respiratório, 27 mil deles causados pelo VSR.

O vírus respondeu por 32,4% de todas as SRAGs, que são casos graves que demandam hospitalização, mais do que a Covid-19 ou a gripe, por exemplo. E a grande maioria dos casos de VSR (84,9%), 23 mil, foi registrada entre os menores de 2 anos.

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