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ESTADOS UNIDOS

Chefe do Pentágono sobe o tom com a China e alerta para risco de ação militar no Indo-Pacífico

Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth pediu para que aliados de Washington na região aumentassem seus gastos militares para conter suposta ameaça chinesa

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, subiu o tom com a China neste sábado (sexta à noite no Brasil) durante discurso em um fórum de segurança em Cingapura, aliado americano no Indo-Pacífico. Segundo o chefe do Pentágono, Pequim estaria "se preparando para potencialmente usar força militar para alterar o equilíbrio de poder" na região, incluindo uma suposta ameaça iminente em Taiwan.

— A ameaça que a China representa é real e pode ser iminente — afirmou Hegseth, acrescentando que Pequim “espera dominar e controlar” a Ásia. — É de conhecimento público que Xi [Jinping, presidente chinês] ordenou que suas Forças Armadas estivessem aptas a invadir Taiwan até 2027. O Exército Popular de Libertação está construindo as Forças Armadas para fazer isso, treinando para isso todos os dias e ensaiando para a ação real.

 

A declaração ocorre no mesmo dia em que a agência Reuters revelou, com base em duas autoridades americanas que falaram sob anonimato, que os EUA planejam intensificar as vendas de armas para Taiwan. Os Estados Unidos são os principais fornecedores de armas da ilha e, segundo uma das fontes, as notificações de vendas poderiam “facilmente exceder” os US$ 18,3 bilhões aprovados entre 2017 e 2021, além dos cerca de US$ 8,4 bilhões registrados durante o governo Biden.

Hegseth aproveitou o discurso para fazer um apelo aos parceiros de Washington para que aumentem seus gastos militares para conter a China.

— Os aliados dos EUA no Indo-Pacífico podem e devem atualizar rapidamente suas próprias defesas — disse o chefe do Pentágono no Diálogo Shangri-La, em Cingapura, acrescentando que “a dissuasão não sai barata”.

Em uma tentativa de projeção de força, o secretário de Defesa americano afirmou que os Estados Unidos estão "de volta" na região, que classificou como uma das prioridades da Casa Branca.

— Os Estados Unidos têm orgulho de estar de volta ao Indo-Pacífico, e viemos para ficar — disse ele, chamando a região de “nosso teatro prioritário”.

Durante a campanha eleitoral, Trump sugeriu que Taiwan deveria pagar para ser protegida e também acusou a ilha de roubar negócios de semicondutores americanos. Mesmo sem relações diplomáticas formais com Taiwan, os EUA permanecem como seu principal aliado internacional.

Internamente, o presidente de Taiwan, Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP), busca aprovar um orçamento especial para elevar os gastos com defesa a 3% do PIB ainda este ano. No entanto, enfrenta resistência do parlamento, dominado pelo Kuomintang (KMT) e pelo Partido Popular de Taiwan (TPP), que aprovaram cortes orçamentários que ameaçam essa meta. Essa instabilidade preocupa Washington.

— Estamos enviando uma mensagem bastante dura à oposição. Não atrapalhem. Esta não é uma questão partidária taiwanesa. É uma questão de sobrevivência taiwanesa — declarou uma autoridade americana à Reuters.

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