Ex-premier afirma que Israel pratica 'matança indiscriminada' em Gaza
Mortes no local am de 54 mil
O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert (2006-2009) afirmou nesta terça-feira, em um artigo de opinião publicado no jornal israelense Haaretz, que o país está cometendo crimes de guerra na Faixa de Gaza, apontando que há uma "matança indiscriminada" de civis. O artigo foi publicado no mesmo dia em que o Ministério da Saúde de Gaza, istrado pelo grupo terrorista Hamas, anunciou que o número de mortos por ataques israelenses no enclave ou de 54 mil — e enquanto a pressão em razão da falta de insumos básicos, como alimentos e medicamentos, continua a aumentar.
"O que estamos fazendo em Gaza agora é uma guerra de devastação: matança indiscriminada, ilimitada, cruel e criminosa de civis", escreveu Olmert no texto opinativo em inglês, intitulado "Enough Is Enough" ("Já Chega", em tradução livre).
"Não estamos fazendo isso por perda de controle em algum setor específico, nem por algum ímpeto desproporcional de alguns soldados em alguma unidade. Em vez disso, é o resultado de uma política governamental — ditada de forma consciente, perversa, maliciosa e irresponsável. Sim, Israel está cometendo crimes de guerra".
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Ao longo dos quase dois anos de guerra, Olmert rejeitou as acusações de genocídio e de prática de crimes de guerra contra Israel, afirmando que o governo não tinha dado ordens para atingir os civis de Gaza de forma indiscriminada. Contudo, o ex-premier disse ter mudado de opinião em semanas recentes.
"A posição de figuras importantes do governo é pública e clara. Sim, temos negado aos habitantes de Gaza alimentos, remédios e necessidades básicas de vida como parte de uma política explícita. [O atual premier, Benjamin] Netanyahu, tipicamente, tenta obscurecer o tipo de ordens que vem dando, a fim de se esquivar da responsabilidade legal e criminal no devido tempo", escreveu. "Mas alguns de seus lacaios estão dizendo isso abertamente, em público, até com orgulho: Sim, vamos matar Gaza de fome. Como todos os habitantes de Gaza são do Hamas, não há limitação moral ou operacional em exterminá-los a todos, mais de dois milhões de pessoas".
O posicionamento de Olmert veio a público no mesmo dia em que as autoridades de saúde do Hamas indicaram que o número de mortos no enclave em decorrência de ataques israelenses ultraou os 54 mil. O Ministério da Saúde do enclave palestino anunciou que com as 79 mortes registradas nas últimas 24 horas, incluindo os 33 mortos no bombardeio contra a escola Fami al-Jerjawi, na Cidade de Gaza, que servia de abrigo para pessoas deslocadas.