Gripe aviária: com nova morte no Camboja, veja quantos óbitos humanos o mundo já registrou neste ano
Casos de H5N1 têm acendido o alerta pela disseminação entre espécies e alta letalidade entre humanos; em 2025, já foram 6 vítimas fatais nos EUA, México, Índia e no país asiático
O Ministério da Saúde do Camboja confirmou, nesta quarta-feira, uma nova morte humana por um caso de gripe aviária H5N1. A vítima, uma criança de 11 anos, é a quarta registrada no país em 2025, e a sexta no mundo.
Morador de uma aldeia na província de Kampong Speu, o paciente desenvolveu um quadro de febre alta, tosse, cansaço extremo e dificuldade respiratória severa. Ele chegou a ser hospitalizado, mas morreu nesta terça-feira. No mesmo dia, testes conduzidos pelo Instituto Pasteur do Camboja confirmaram o vírus.
“De acordo com a investigação inicial, foi identificado que, nos arredores da residência da criança, aves domésticas, como galinhas e patos, apresentaram casos de doença e morte consecutivas durante a semana anterior ao início dos sintomas na criança”, diz o comunicado do ministério.
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Investigações complementares estão sendo conduzidas para identificar a origem da infecção nos animais e na criança e localizar casos suspeitos de pessoas que tiveram contato próximo. “Está sendo realizada a distribuição do antiviral Tamiflu para os contatos, além de ações de educação em saúde junto à população da aldeia afetada”, continua a pasta.
Mais cedo, em janeiro, um homem de 28 anos que criava aves em casa foi o primeiro a morrer no país devido à gripe aviária neste ano. Nos meses seguintes, o vírus fez mais duas vítimas: uma criança de dois e outra de três anos, que morreram em fevereiro e março. Ambas também tiveram contato com aves que estavam doentes.
Além dos quatro óbitos no Camboja, em janeiro os Estados Unidos confirmaram a primeira vítima fatal pela doença, que tem provocado um surto sem precedentes entre o gado leiteiro no país. Desde março do ano ado, até esta quarta-feira, já são 1.072 rebanhos afetados em 17 estados.
O óbito foi de um idoso que tinha mais de 65 anos, apresentava condições médicas preexistentes e foi hospitalizado após a exposição a um plantel de aves domésticas e silvestres.
Em abril, outras duas mortes foram confirmadas no mundo. Uma delas, a primeira no México e na América Latina, foi de uma criança de três anos do estado de Durango. Ela não tinha condições médicas preexistentes e adoeceu no início de março. A menina foi hospitalizada devido a insuficiência respiratória e recebeu tratamento com medicamentos antivirais, mas morreu no dia 8 de abril.
A origem da contaminação permanece sob investigação. Não foram registrados surtos em aves de criação em Durango, mas houve algumas detecções do H5N1 em aves de um zoológico do estado.
A outra vítima fatal de abril foi de uma menina de 2 anos no estado de Andhra Pradesh, na Índia. A gripe aviária foi confirmada pelo Instituto Nacional de Virologia. A família da menina disse que ela havia comido frango cru, o que se acredita ser a principal fonte potencial de infecção devido à ausência de surto entre aves na região em que ela morava.
Além das mortes, o monitoramento mais recente da Organização Mundial da Saúde ( OMS), com dados de até 22 de abril, registrou 10 casos da infecção entre humanos, em 2025 o que não contempla o último registro na Camboja ou o dos EUA, que morreu em janeiro, mas foi infectado ainda em 2024.
Ao todo, de 2023 a 2025, o mundo já identificou 973 casos de H5N1 em humanos, com 470 evoluindo para morte, uma taxa de letalidade de 48,3%. No entanto, os registros mais recentes parecem ser mais brandos: de 2020 a 2024, foram 102 infecções, 68 apenas nos EUA, e 10 óbitos.
A gripe aviária diz respeito a um conjunto de cepas do vírus influenza que geralmente circulam entre aves, mas causam casos esporádicos em outras espécies. No Brasil, foi detectada pela primeira vez em maio de 2023 em aves silvestres e, em maio deste ano, em granjas comerciais.
Não existe registro de disseminação da gripe aviária entre humanos. Pessoas são contaminadas esporadicamente devido ao contato com o animal infectado. Por isso, o risco para a população geral é avaliado hoje como baixo.
Uma preocupação é que, desde 2022, a cepa H5N1, identificada pela primeira vez ainda em 1996, tem ganhado tração e chegado a novas espécies de mamíferos, como leões-marinhos na América do Sul, furões na Europa e gado leiteiro nos EUA.