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Irã nega ter ajudado Houthis no ataque contra Israel

Ministério das Relações Exteriores iraniano afirmou que 'as ações dos iemenitas em apoio aos palestinos são uma decisão independente'

O Irã negou nesta segunda-feira ter apoiado o grupo rebelde Houthi, do Iêmen, no ataque com mísseis contra o Aeroporto Internacional Ben Gurion, o principal de Israel, que deixou seis feridos no domingo. Após a ofensiva, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou represálias contra o Irã por apoiar os rebeldes: "Os ataques dos Houthis procedem do Irã. Responderemos no momento oportuno".

Ao negar o apoio do Irã no ataque do Houthi — que revindicou o ataque, alegando apoio aos palestinos na Faixa de Gaza —, o Ministério das Relações Exteriores iraniano afirmou que "as ações dos iemenitas em apoio ao povo palestino são uma decisão independente derivada de seu sentimento de solidariedade". "O Irã ressalta (sua) firme determinação de defender-se", acrescenta o comunicado, que alertou Israel e Estados Unidos sobre as "consequências" de um eventual ataque.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, acusou Netanyahu de querer arrastar os EUA para uma "catástrofe" no Oriente Médio. Na rede social X, o ministro escreveu que o premier está "interferindo diretamente no governo dos Estados Unidos".

O Irã e os EUA, que estão em conflito há quatro décadas e não mantêm relações diplomáticas, iniciaram uma rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teerã em 12 de abril, em conversas indiretas mediadas por Omã. Netanyahu, no entanto, pediu aos EUA que desmantelassem o programa nuclear e que, se um acordo for fechado, eles devem vetar a capacidade de Teerã de enriquecer urânio e impedir que o Irã desenvolva mísseis.

O Irã, por sua vez, classificou essas exigências como uma linha vermelha nas negociações e acusou Netanyahu de "ditar" a política do presidente dos EUA, Donald Trump. Por outro lado, o governo Trump ameaçou nos últimos meses o Irã por seu apoio aos Houthis.

"Netanyahu está descaradamente tentando ditar o que o presidente Trump pode ou não fazer em sua diplomacia com o Irã", declarou Araghchi.

Os ataques dos EUA contra os rebeldes começaram no governo do ex-presidente Joe Biden, mas se intensificaram no governo Trump. Desde março, os Estados Unidos afirmam ter atingido mais de mil alvos no Iêmen.

O ministro iraniano citou a ajuda dos Estados Unidos a Israel na guerra em Gaza contra o grupo terrorista Hamas, mas também o apoio de Trump ao Irã. Segundo os Houthis, inclusive, os EUA bombardearam nesta segunda-feira uma dezena de alvos em Sanaa, capital do Iêmen, e suas imediações. O Ministério da Saúde do país informou que 14 pessoas ficaram feridas.

"O apoio morte ao genocídio de Netanyahu em Gaza e a guerra travada em seu nome no Iêmen não trouxeram nada para o povo americano", concluiu Araghchi.

Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, os Houthis lançam mísseis e drones contra Israel e navios do Mar Vermelho, alegando agir em solidariedade aos palestinos.

No último sábado, os Houthis reivindicaram o terceiro ataque com mísseis contra Israel em dois dias. A grande maioria dos mísseis disparados pelo grupo desde o início da guerra de Gaza foi interceptada pelas defesas aéreas israelenses.

Ataque contra aeroporto em Israel
Um míssil caiu dentro do perímetro do Aeroporto Internacional Ben Gurion no domingo, ferindo seis pessoas, interrompendo voos e abrindo uma ampla cratera em uma via de o próxima a um dos terminais. Companhias aéreas internacionais cancelaram voos para o aeroporto pelos próximos dias, enquanto Israel prometeu retaliação "em momento oportuno".

O Exército israelense afirmou que "várias tentativas foram feitas para interceptar" o míssil lançado do Iêmen, um raro ataque lançado pelo grupo rebelde aliado ao Irã que penetrou as defesas aéreas de Israel. Um vídeo divulgado pela polícia israelense mostrou policiais parados na borda de uma cratera profunda, com a torre de controle visível à distância atrás deles. Não foram relatados danos aos prédios ou pistas do aeroporto.

"A força de mísseis das Forças Armadas do Iêmen realizou uma operação militar visando o aeroporto Ben Gurion" com um "míssil balístico hipersônico", disseram os Houthis em um comunicado, referindo-se às suas próprias forças. Horas depois da ação, o grupo fez novas ameaças, afirmando que as empresas de aviação deveriam "cancelar seus voos" para Israel.

Saiba mais: Navio de ajuda humanitária com destino a Gaza pega fogo após suposto ataque de drone na costa de Malta

— Quem nos atacar, nós o atingiremos com sete vezes mais força — disse o ministro da Defesa, Israel Katz, em uma ameaça direta após a explosão.

Em vídeo publicado no Telegram, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, disse que seu governo agiu contra os houthis no ado e "o fará novamente no futuro".

— Não será só um golpe, mas sim vários golpes — afirmou o premier.

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