Mais de 200 autores de língua portuguesa pedem entrada de ajuda humanitária em Gaza
Documento organizado pela Fundação José Saramago tem entre os signatários Chico Buarque, Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Milton Hatoum e Lília Moritz Schwarcz
Quase 230 autores de língua portuguesa divulgaram um abaixo assinado sobre o conflito em casa. Organização pela Fundação José Saramago, o documento reúne alguns dos principais nomes da literatura lusófona, incluindo os brasileiros Chico Buarque, Milton Hatoum, Socorro Acioli, Silviano Santiago, Bernardo Carvalho, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório, Patricia Melo, Rosa Freire d’Aguiar, Natalia Timerman e Ana Miranda.
"Todos os dias somos confrontados com a violência perpetrada pelo governo de Israel contra a população palestiniana, no atropelo de todas as regras internacionais de respeito pelas populações civis e de ajuda humanitária, com milhares de vítimas até ao momento, muitas, demasiadas, mulheres e crianças. As escritoras e os escritores de língua portuguesa abaixo-assinados apelam ao cessar-fogo imediato na Palestina, à entrada urgente de ajuda humanitária nos territórios ocupados, à libertação de todos os reféns e à resolução política desta ocupação no quadro da ONU", diz o texto publicado na plataforma Wordpress com o título "Escritoras e escritores pela Palestina."
Também assinam o texto outros nomes reconhecidos da lusofonia como Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Afonso Reis Cabral, Valter Hugo Mãe, Djaimilia Pereira de Almeida e Gonçalo M. Tavares.
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Britânicos e ses também se manifestam
A carta dos autores lusófonos segue outras duas já lançadas por nomes da literatura. Na primeira, 300 escritores de língua sa, incluindo os vencedores do Nobel Annie Ernaux e Jean Marie Gustave Le Clézio, pedem que as ações de Israel em Gaza sejam nomeadas como genocídio.
"Mais do que nunca, exijamos que se imponham sanções ao Estado de Israel, exijamos um cessar-fogo imediato que garanta segurança e justiça para os palestinos, a libertação dos reféns israelenses, a dos milhares de prisioneiros palestinos detidos arbitrariamente em prisões israelenses, e o fim, sem demora, deste genocídio", acrescenta o texto publicado no jornal Libération.
Entre os signatários estão autores recentemente laureados com o Prêmio Goncourt, como Hervé Le Tellier, Jérôme Ferrari, Laurent Gaudé, Brigitte Giraud, Leïla Slimani, Lydie Salvayre, Mohamed Mbougar Sarr, Nicolas Mathieu e Éric Vuillard.
Em outra carta aberta, quase 380 escritores britânicos e irlandeses, incluindo Ian McEwan e Irvine Welsh, denunciam 'genocídio' em Gaza.
"O uso dos termos 'genocídio' ou 'atos de genocídio' para descrever o que está acontecendo em Gaza não é mais questionado pelos especialistas jurídicos internacionais ou as organizações de defesa dos direitos humanos", defende o texto, publicado no site Medium e assinado por autores como Jeanette Winterson, Brian Eno e Elif Shafak.