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Musk diz estar 'decepcionado' com projeto de lei de Trump e fala em 'gasto massivo' do governo

Legislação, que Trump chama de 'grande e bela' e que inclui uma série de cortes de impostos, será enviada ao Senado

O bilionário Elon Musk expressou insatisfação com o amplo projeto de lei tributária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que ele prejudica seus esforços para reduzir os gastos do governo.

Musk, que anunciou estar se afastando do Departamento de Eficiência Governamental (Doge) — órgão que rapidamente se tornou um símbolo da visão do segundo governo Trump — disse em entrevista à CBS News na noite de terça-feira que ficou “decepcionado” ao ver a proposta destinada a implementar a agenda de política interna do presidente.

— Fiquei decepcionado ao ver esse projeto de gastos massivo, que aumenta o déficit orçamentário, em vez de reduzi-lo — disse o bilionário sul-africano em um trecho de entrevista ao programa “Sunday Morning”.

A legislação, que Trump chama de seu “grande e belo projeto de lei” e que inclui uma série de cortes de impostos, será enviada ao Senado após ser aprovada por margem apertada na Câmara semana ada.

Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, pareceu ecoar as preocupações de alguns republicanos da Câmara e do Senado que acreditam que o projeto é caro demais e exigem mais cortes de gastos. Para o bilionário, a proposta enfraquece o trabalho do Doge, iniciativa inédita da Casa Branca para enxugar as despesas federais e que foi confiada a ele pelo próprio Trump. No início do mês, Musk já havia itido que não conseguiu alcançar suas metas originais para o órgão.

O mandatário republicano tem pressionado pela rápida aprovação do projeto, que também direciona mais recursos para as áreas de defesa e de controle migratório. Como está redigido, o projeto cortaria verbas de programas de saúde, nutrição, educação e energia limpa para cobrir parte dos custos. Mas Musk disse não estar convencido quanto ao projeto, que se tornou a principal prioridade legislativa do presidente, afirmando:

— Acho que um projeto pode ser grande ou pode ser belo. Mas não sei se pode ser as duas coisas. Essa é a minha opinião.

Uma combinação entre a articulação de Trump e concessões feitas pelo presidente da Câmara, Mike Johnson, garantiu a aprovação do texto na Câmara, mas ele enfrenta obstáculos significativos no Senado. Os republicanos têm maioria apertada na Casa, e dois conservadores fiscais já disseram que querem mudanças substanciais, argumentando que o projeto carece de medidas concretas para reduzir o déficit nacional.

— Estamos tão longe de um projeto aceitável que é difícil dizer — disse o senador Ron Johnson, republicano de Wisconsin, ao ser questionado sobre quando o Senado concluiria sua análise.

Outros republicanos, no entanto, não apenas se opõem a cortes adicionais, como também rejeitam dispositivos já presentes na versão aprovada pela Câmara, como a restrição de benefícios do Medicaid e a eliminação rápida de incentivos fiscais para energia limpa.

Musk — que gastou mais de US$ 250 milhões para apoiar a campanha de Trump — se juntou à Casa Branca como “funcionário público especial” para liderar o Doge, iniciativa que Trump classificou como uma de suas maiores realizações. O esforço, que tinha como meta cortar US$ 1 trilhão do orçamento federal, ficou muito aquém do objetivo, gerando conflitos com secretários de gabinete e críticas de parlamentares.

O apoio de Musk a Trump também provocou uma queda nas vendas da Tesla, sua montadora de carros elétricos, e na semana ada o bilionário anunciou que ará menos tempo em Washington e mais tempo comandando suas empresas.

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