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Operação de resgate de opositores a Maduro em embaixada foi negociada sem participação brasileira

A Embaixada da Argentina em Caracas está sob custódia do Brasil há nove meses

Mesmo com a custódia da Embaixada da Argentina em Caracas, o Brasil não participou da operação de resgate a opositores do presidente Nicolás Maduro que estavam asilados no local. Segundo integrantes do governo brasileiro, até o momento não se sabe como foi negociada a ida das quatro pessoas que estavam asiladas há mais de um ano para os Estados Unidos.

A informação sobre o resgate, que incluiu a concessão de salvos condutos para os opositores de Maduro, foi divulgada, nesta terça-feira, pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Foi assim que o Ministério das Relações Exteriores tomou conhecimento da notícia.

O Brasil é responsável pela representação em Caracas desde agosto do ano ado, quando Maduro expulsou os diplomatas argentinos do país. A justificativa era que o presidente Javier Milei não reconheceu a reeleição do líder chavista e se colocou ao lado do candidato da oposição, Edmundo González. Desde então, o governo brasileiro vinha fazendo insistentes gestões junto às autoridades venezuelanas, para que fossem fornecidos salvo condutos aos asilados.

Interlocutores da área diplomática afirmaram que todos os movimentos na Embaixada da Argentina eram monitorados, mas não havia diplomatas brasileiros no prédio. "Nossa linha tem sido a mesma, pressionar pelos salvo-condutos, mas não temos como saber o que fazem outros atores, esse é o ponto", disse um deles.

Um importante diplomata argumentou que o Brasil "não tem o monopólio das negociações com a Venezuela", indicando que a conduta de Maduro desagradou ao governo brasileiro. A Embaixada do Brasil em Caracas, acrescentou o embaixador, tampouco opera no ramo de operações de resgate.

Aliado do presidente dos EUA, Donald Trump, Javier Milei agradeceu ao governo americano pelo resgate dois venezuelanos. No entanto, o presidente argentino não citou o Brasil, que manteve o prédio sob custódia e cuidou da segurança dos opositores de Maduro durante nove meses.

O Brasil não reconheceu o resultado da eleição na Venezuela, realizada em 28 de julho de 2024, porque não foram apresentados documentos que comprovassem a vitória de Maduro. No entanto, jamais cogitou em romper relações, ou apoiar o candidato opositor, para não perder os canais de diálogo.

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