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opinião

ERBs falsas: nova ameaça digital exige atenção redobrada de consumidores e empresas

Nos últimos meses, um novo tipo de golpe tem despertado a atenção das autoridades, das empresas e dos consumidores: o uso de ERBs falsas, ou estações rádio base clandestinas. Esses dispositivos simulam torres de telefonia legítimas e são utilizados por criminosos para interceptar sinais de celulares e disseminar mensagens fraudulentas. O objetivo principal dessas mensagens é induzir o usuário ao erro, por meio de links maliciosos que prometem promoções falsas, comunicam dívidas inexistentes ou alertam sobre bloqueios de cartões e contas bancárias.

Embora os casos identificados estejam concentrados em São Paulo, há indícios de que essa prática esteja se espalhando por outras regiões do país. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em conjunto com a Polícia Civil paulista, tem intensificado a fiscalização e a apreensão desses equipamentos. Em uma das operações mais recentes, uma ERB falsa foi encontrada instalada dentro de um carro que circulava lentamente pelas ruas da capital. Em outro episódio, o equipamento operava a partir da janela de um apartamento, demonstrando a facilidade com que esses dispositivos podem ser ocultados em ambientes urbanos.

No entanto, o golpe só se concretiza se a vítima clicar no link recebido por SMS. Isso mostra que o elo mais frágil da cadeia de segurança continua sendo o comportamento do usuário. Além do envio de mensagens fraudulentas, as ERBs falsas também possibilitam outras ações criminosas. Chamadas telefônicas podem ser interceptadas e gravadas, expondo conversas sensíveis. Informações trocadas pelo celular, como senhas e mensagens, também podem ser capturadas, comprometendo a privacidade do usuário. Em casos mais sofisticados, os criminosos conseguem clonar o número da vítima e utilizá-lo para fazer ligações ou enviar mensagens como se fossem ela. Outra técnica recorrente é o redirecionamento para sites falsos, com o objetivo de roubar credenciais de o e dados bancários.

Diante dessa ameaça crescente, é essencial reforçar medidas básicas de proteção digital. Evitar clicar em links de origem duvidosa, verificar cuidadosamente o remetente de mensagens suspeitas, manter o celular sempre atualizado e adotar práticas como a autenticação em dois fatores são atitudes simples que ajudam a reduzir o risco de ser vítima desse tipo de golpe. É igualmente importante utilizar senhas fortes e diferentes para cada serviço, evitando que uma eventual invasão comprometa múltiplas contas ao mesmo tempo.

Mais do que nunca, a conscientização precisa ser vista como parte essencial da segurança digital. Enquanto houver usuários despreparados ou desinformados, golpes como os realizados por meio de ERBs falsas continuarão encontrando espaço para atuar. Nesse contexto, a informação é a principal linha de defesa. Empresas, por sua vez, têm o dever de investir em programas contínuos de treinamento e conscientização de seus colaboradores.

Muitos ataques não ocorrem por falhas tecnológicas, mas por decisões humanas equivocadas,  como desativar um antivírus ou conectar dispositivos contaminados a uma rede corporativa. A segurança da informação não se limita a ferramentas e sistemas. Ela depende, sobretudo, do fator humano. Construir uma cultura de atenção e prevenção é o caminho mais eficaz para proteger dados, preservar a integridade das operações e fortalecer a segurança como um todo. Estar informado é, antes de tudo, estar protegido.



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