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RECIFE

Organização promove ação de limpeza em mangue; especialista explica os impactos do lixo na saúde

A Xô Plástico atua desde 2018 na capital Pernambucana, e convoca mais uma vez o público para participar do momento de conscientização ambiental

A organização Xô Plástico realizará, durante a manhã de domingo (8), uma ação de limpeza no mangue, na rua da Aurora, no centro do Recife. A atividade está aberta ao público, mas exige algumas precauções.

Durante a ação, as fundadoras Laila e Lais Araújo solicitam que os(as) voluntários(as) estejam de galochas ou sapatos fechados. As irmãs sugerem, ainda, que os participantes usem boné e estejam devidamente protegidos com protetor solar. As luvas e os sacos de lixo serão disponibilizados pelas organizadoras.

Lais e Laila Araujo durante ação de limpeza no MangueNa última atividade realizada, as fundadoras e os voluntários removeram 616.78kg de resíduos do manguezal | Foto: Xô Plástico / Instagram / Reprodução

A ação volta após hiato de alguns meses devido a baixa adesão e tempo limitado. Lais conta que a atividade acontece desde 2018, ano em que a Xô Plástico foi criada. O primeiro grande mutirão ocorreu na praia do Pina, e logo em seguida surgiu a necessidade de se deslocarem para a região costeira dos rios.

A bióloga relata que, durante seu projeto de pesquisa da UPE, começou a perceber certas mudanças no bioma. Segundo ela, os caranguejos já não apareciam tanto quanto antes no mangue. "A gente encontrava muito lixo, e esse foi um dos fatores para poder demonstrar que, ali naquele espaço, havia diminuição na quantidade de caranguejo. O lixo e o esgoto estavam sufocando a biodiversidade de toda aquela área", compartilhou Lais.

Consequências
Segundo o professor de biologia e especialista em saúde humana e meio ambiente, Daniel Senna, o impacto no ambiente é direto. Ele explica que, para a ciência, "uma substância que não seja natural daquele ambiente físico e foi inserido nele" já causa contaminação no manguezal, afetando toda a vegetação e os animais que ali vivem. 

Para além das espécies locais, é válido lembrar dos moradores dessa área costeira que, muitas vezes, dependem diretamente do mangue. As comunidades ribeirinhas, por exemplo, são um dos grupos que mais sente esse impacto levantado por Lais. Essa parte da população sobrevive a partir do extrativismo, ou seja, coleta "de moluscos e crustáceos", como esclarece Daniel.

O especialista explica que esses animais sofrem intoxicação dos materiais ali jogados, como plásticos ou substâncias industriais nocivas. 

"Ao comer animais extraídos do mangue contaminados com resíduos sólidos, há a ingestão de substâncias perigosas que se acumulam em nossos organismos, com preferência pelos sistemas nervoso, muscular e cardiovascular. Levando a problemas nervoso, hepáticos (fígado) é até mesmo muitas formas de câncer", informou o professor. 

Conscientização climática e ambiental
Para que o contexto atual se modifique, é necessário esforço coletivo e educação socioambiental. Como exemplo prático de mudança, a Xô Plástico atua em escolas e instituições públicas ou privadas para provocar reflexões e iniciativas, a partir de jogos e oficinas.

"O Educa Clima tem objetivo de formar uma geração de jovens que possam compreender como as mudanças climáticas impactam seus territórios e como eles podem propor soluções para poder ser agentes de transformação, de mudança em seus ambientes", informou Lais. 

Para acompanhar essas atividades ou saber um pouco mais sobre a ação de limpeza, basta acompanhar a organização pelo Instagram.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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